A maior
exposição de equipamentos de defesa da América
Latina completa 10 anos de sucesso, com crescimento de mais de 15% no
número de expositores em relação à 2005,
a despeito de todos os críticos e de uma total falta de consciência
da classe política em torno do tema. Para nós do Military
Power é uma oportunidade única não somente de manter-se
atualizado quanto aos produtos e fabricantes, mas também para
rever os amigos e trocar experiências. Este ano, na área
externa do Riocentro, a exposição estática ateve-se
às aeronaves de asas rotativas, com um Super Linx da Marinha,
helicópteros Esquilo do Exército e da Polícia Civil
e um Super Puma da FAB, sem a presença de quaisquer veículos
blindados como nas edições anteriores. Foram sentidas
as ausências de alguns fabricantes tradicionais, como Mercedes
Benz, Heckler & Koch e do Ministério da Defesa britânico,
mas em compensação vimos a estréia de outros fabricantes
não menos importantes como a Volkswagen Caminhões, que
pela primeira vez forneceu seus produtos ao Exército Brasileiro,
e a Taurus que em um stand bastante concorrido, contando inclusive com
uma sala reservada para manejo dos equipamentos, apresentou toda sua
linha de revólveres e pistolas, além dos novíssimos
fuzis de assalto FAMAE-Taurus CT40 (calibre .40) e CT30 (calibre .30),
e das submetralhadoras FAMAE-Taurus MT40 (calibre .40) e MT9 (calibre
9mm Parabellum), os quatro baseados em modelos da suíça
SIG Sauer e em associação com a fábrica militar
chilena FAMAE. Ainda no setor de armas leves, o estande da austríaca
Glock estave sempre movimentado, com todos ávidos para manusear
as famosas pistolas, reconhecidas mundialmente por sua qualidade e poder
de fogo. A belga FN Herstal trouxe sua linha completa de fuzis e metralhadoras,
como a Minimi que tivemos oportunidade de manusear, e o moderno FN 2000,
de 5.56 mm. A Agrale expôs seus veículos leves 4x4 da família
Marruá, baseados em projetos da extinta Engesa, com os modelos
AM1 e AM2, capacidade até 500 kg, e modelo AML, com chassi extendido
e capacidade até 700 kg, todos equipados com motores diesel MWM
de 132 cv, permitindo-lhes atingir velocidades de até 120 km/h
em pisos pavimentados. A Land Rover mostrou o véiculo utilizado
por nossos Fuzileiros Navais, empregado para patrulha e transporte utilitário,
plenamente operacional na missão do Brasil no Haiti. A Loockheed
Martin e a Boeing, entre os maiores estandes da Feira, dominavam a entrada
do pavilhão, acompanhadas pelas não menos famosas Raytheon
e Sikorsky Helicopters, porém sem grandes novidades, apenas procurando
não perder seu espaço no mercado. As empresas israelenses
agruparam-se em um setor, com destaque para a Rafael e seus mísseis
ar-ar Python 5 e Derby. As principais empresas brasileiras também
ocuparam setores próximos: a Condor trouxe sua linha completa
de armas não-letais e em um mesmo corredor encontramos os estandes
da CBC Cartuchos e Armas, Atech-Tecnologias Críticas, Engepron,
Ministério da Defesa e Avibrás. A sueca SAAB, além
de apresentar seus produtos em tamanho real, contava também com
recursos multimídia, onde diversas telas LCD passavam filmetes
demonstrando a eficácia de suas armas nos campos de provas ou
em combate.
De
olho na reabertura do processo de aquisição de novos caças
de superioridade aérea para a FAB, no que está sendo chamado
de Projeto FX-2, franceses e russos se esforçaram para realçar
as qualidades de suas aeronaves. A Dassault Aviation em seu estande,
(em frente ao de nossos amigos da Revista Tecnologia & Defesa, veículo
oficial da LAAD 07), colocou uma bela maquete do Rafale em destaque
e uma do Mirage 2000 da FAB mais ao fundo, mostrando-se como um fornecedor
natural para nossa Força Aérea pela tradicional utilização
de seus caças por aqui. A Rússia, através de sua
holding do ramo de defesa a Rosoboronexport, demonstrava as qualidades
de seu novíssimo Sukhoi SU-35, agora realmente operacional, uma
evolução do SU-30 MK2 vendido recentemente à Venezuela
e que tanta preocupação tem gerado nos meios militares
sul-americanos, pelo desequilíbrio de forças que gerou.
Pelos corredores da Feira e segundo analistas, estes são os dois
mais fortes candidatos para substituírem os Mirage 2000 de Anápolis,
no que seria uma aquisição direta, sem necessidade de
licitação internacional. Uma grata surpresa foi o estande
do Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército Brasileiro,
onde pudemos ver os produtos que estão sendo desenvolvidos pelo
seu Centro Tecnológico (CTEx), com destaque para a futura família
de veículos blindados sobre rodas, tendo como base o VBTP-MR
6x6 (Viatura Blindada Transporte de Pessoal-Média de Rodas),
anfíbia e com capacidade para transportar 10 soldados equipados,
a partir da qual serão criadas outras versões: viatura
Socorro, de Comunicações, Oficina, Porta-Morteiro 120
mm, Ambulância, Posto de Comando, Central de Tiro e uma de Reconhecimento,
única com tração 8x8 e equipada com canhão
de 105 mm. Espera-se que os veículos dessa família sejam
robustos, de fácil manutenção, contando com boa
proteção balística, baixa silhueta, que possam
operar também em áreas urbanas e sejam transportáveis
por via aérea. Suas dimensões deverão ter 6,3 m
de comprimento, com largura de 2,6 m e altura de 2,2 m, podendo atingir
velocidades de até 100 km/h e com autonomia de cerca de 600 km.
Outro equipamento saído das pranchetas do CTEx e que já
tem dois protótipos sendo testados, é o radar SABER M60,
criado para integrar um sistema de defesa antiaérea de baixa
altura, para proteção de áreas sensíveis
como instalações militares, usinas de energia, refinarias
ou instituições governamentais. Com tecnologia 100% nacional,
pode ser integrado ao Sistema de Defesa Aeroespacial Brasileiro (SISDABRA)
ou outros sistemas semelhantes, sendo o mais avançado de sua
classe entre os disponíveis no mercado internacional. O alcance
máximo fica em torno de 60 km, com teto de até 5 km, podendo
acompanhar 40 alvos simultaneamente, com identificação
IFF, apresentado as informações em 3D. A EMBRAER aproveitou
a oportunidade para anunciar sua intenção de desenvolver
um avião de transporte militar, o C-390, baseado nas aeronaves
civis da série EMB-190, com capacidade para até 19 toneladas,
trens de pouso reforçados para pisos não preparados e
rampa traseira.
Embora
nos últimos anos a maioria das aquisições de materiais
bélicos pelos países do continente tenham sido mínimas,
apenas repondo os equipamentos que estavam no final de sua vida útil,
espera-se uma retomada dos investimentos na compra de armas mais modernas,
para que se restabeleça o equilíbrio de forças
na região, principalmente depois dos contratos assinados recentemente
pela Venezuela e pelo Chile. Assim os principais fabricantes mundiais
continuam acreditando no potencial do mercado militar latino-americano
e não deixaram de prestigiar esta edição da LAAD
2007, sabedores de que aqueles que não demonstram as qualidades
de seus produtos não conseguirão vendê-los para
as diversas Forças Armadas. Por fim desejo agradecer aos amigos
da Revista Tecnologia & Defesa, nas pessoas de Francisco Ferro,
Ronaldo Olive e Paulo Maia, que nos acolheram com cordialidade no período
que lá estivemos, e ao nosso amigo particular Paulo Roberto Bouhid,
que muito contribuiu para a cobertura do evento. Se Deus assim o permitir,
nos vemos na LAAD 2009.