LAAD 2007- Latin America Aero & Defence

A maior exposição de equipamentos de defesa da América Latina completa 10 anos de sucesso, com crescimento de mais de 15% no número de expositores em relação à 2005, a despeito de todos os críticos e de uma total falta de consciência da classe política em torno do tema. Para nós do Military Power é uma oportunidade única não somente de manter-se atualizado quanto aos produtos e fabricantes, mas também para rever os amigos e trocar experiências. Este ano, na área externa do Riocentro, a exposição estática ateve-se às aeronaves de asas rotativas, com um Super Linx da Marinha, helicópteros Esquilo do Exército e da Polícia Civil e um Super Puma da FAB, sem a presença de quaisquer veículos blindados como nas edições anteriores. Foram sentidas as ausências de alguns fabricantes tradicionais, como Mercedes Benz, Heckler & Koch e do Ministério da Defesa britânico, mas em compensação vimos a estréia de outros fabricantes não menos importantes como a Volkswagen Caminhões, que pela primeira vez forneceu seus produtos ao Exército Brasileiro, e a Taurus que em um stand bastante concorrido, contando inclusive com uma sala reservada para manejo dos equipamentos, apresentou toda sua linha de revólveres e pistolas, além dos novíssimos fuzis de assalto FAMAE-Taurus CT40 (calibre .40) e CT30 (calibre .30), e das submetralhadoras FAMAE-Taurus MT40 (calibre .40) e MT9 (calibre 9mm Parabellum), os quatro baseados em modelos da suíça SIG Sauer e em associação com a fábrica militar chilena FAMAE. Ainda no setor de armas leves, o estande da austríaca Glock estave sempre movimentado, com todos ávidos para manusear as famosas pistolas, reconhecidas mundialmente por sua qualidade e poder de fogo. A belga FN Herstal trouxe sua linha completa de fuzis e metralhadoras, como a Minimi que tivemos oportunidade de manusear, e o moderno FN 2000, de 5.56 mm. A Agrale expôs seus veículos leves 4x4 da família Marruá, baseados em projetos da extinta Engesa, com os modelos AM1 e AM2, capacidade até 500 kg, e modelo AML, com chassi extendido e capacidade até 700 kg, todos equipados com motores diesel MWM de 132 cv, permitindo-lhes atingir velocidades de até 120 km/h em pisos pavimentados. A Land Rover mostrou o véiculo utilizado por nossos Fuzileiros Navais, empregado para patrulha e transporte utilitário, plenamente operacional na missão do Brasil no Haiti. A Loockheed Martin e a Boeing, entre os maiores estandes da Feira, dominavam a entrada do pavilhão, acompanhadas pelas não menos famosas Raytheon e Sikorsky Helicopters, porém sem grandes novidades, apenas procurando não perder seu espaço no mercado. As empresas israelenses agruparam-se em um setor, com destaque para a Rafael e seus mísseis ar-ar Python 5 e Derby. As principais empresas brasileiras também ocuparam setores próximos: a Condor trouxe sua linha completa de armas não-letais e em um mesmo corredor encontramos os estandes da CBC Cartuchos e Armas, Atech-Tecnologias Críticas, Engepron, Ministério da Defesa e Avibrás. A sueca SAAB, além de apresentar seus produtos em tamanho real, contava também com recursos multimídia, onde diversas telas LCD passavam filmetes demonstrando a eficácia de suas armas nos campos de provas ou em combate.

De olho na reabertura do processo de aquisição de novos caças de superioridade aérea para a FAB, no que está sendo chamado de Projeto FX-2, franceses e russos se esforçaram para realçar as qualidades de suas aeronaves. A Dassault Aviation em seu estande, (em frente ao de nossos amigos da Revista Tecnologia & Defesa, veículo oficial da LAAD 07), colocou uma bela maquete do Rafale em destaque e uma do Mirage 2000 da FAB mais ao fundo, mostrando-se como um fornecedor natural para nossa Força Aérea pela tradicional utilização de seus caças por aqui. A Rússia, através de sua holding do ramo de defesa a Rosoboronexport, demonstrava as qualidades de seu novíssimo Sukhoi SU-35, agora realmente operacional, uma evolução do SU-30 MK2 vendido recentemente à Venezuela e que tanta preocupação tem gerado nos meios militares sul-americanos, pelo desequilíbrio de forças que gerou. Pelos corredores da Feira e segundo analistas, estes são os dois mais fortes candidatos para substituírem os Mirage 2000 de Anápolis, no que seria uma aquisição direta, sem necessidade de licitação internacional. Uma grata surpresa foi o estande do Departamento de Ciência e Tecnologia do Exército Brasileiro, onde pudemos ver os produtos que estão sendo desenvolvidos pelo seu Centro Tecnológico (CTEx), com destaque para a futura família de veículos blindados sobre rodas, tendo como base o VBTP-MR 6x6 (Viatura Blindada Transporte de Pessoal-Média de Rodas), anfíbia e com capacidade para transportar 10 soldados equipados, a partir da qual serão criadas outras versões: viatura Socorro, de Comunicações, Oficina, Porta-Morteiro 120 mm, Ambulância, Posto de Comando, Central de Tiro e uma de Reconhecimento, única com tração 8x8 e equipada com canhão de 105 mm. Espera-se que os veículos dessa família sejam robustos, de fácil manutenção, contando com boa proteção balística, baixa silhueta, que possam operar também em áreas urbanas e sejam transportáveis por via aérea. Suas dimensões deverão ter 6,3 m de comprimento, com largura de 2,6 m e altura de 2,2 m, podendo atingir velocidades de até 100 km/h e com autonomia de cerca de 600 km. Outro equipamento saído das pranchetas do CTEx e que já tem dois protótipos sendo testados, é o radar SABER M60, criado para integrar um sistema de defesa antiaérea de baixa altura, para proteção de áreas sensíveis como instalações militares, usinas de energia, refinarias ou instituições governamentais. Com tecnologia 100% nacional, pode ser integrado ao Sistema de Defesa Aeroespacial Brasileiro (SISDABRA) ou outros sistemas semelhantes, sendo o mais avançado de sua classe entre os disponíveis no mercado internacional. O alcance máximo fica em torno de 60 km, com teto de até 5 km, podendo acompanhar 40 alvos simultaneamente, com identificação IFF, apresentado as informações em 3D. A EMBRAER aproveitou a oportunidade para anunciar sua intenção de desenvolver um avião de transporte militar, o C-390, baseado nas aeronaves civis da série EMB-190, com capacidade para até 19 toneladas, trens de pouso reforçados para pisos não preparados e rampa traseira.

Embora nos últimos anos a maioria das aquisições de materiais bélicos pelos países do continente tenham sido mínimas, apenas repondo os equipamentos que estavam no final de sua vida útil, espera-se uma retomada dos investimentos na compra de armas mais modernas, para que se restabeleça o equilíbrio de forças na região, principalmente depois dos contratos assinados recentemente pela Venezuela e pelo Chile. Assim os principais fabricantes mundiais continuam acreditando no potencial do mercado militar latino-americano e não deixaram de prestigiar esta edição da LAAD 2007, sabedores de que aqueles que não demonstram as qualidades de seus produtos não conseguirão vendê-los para as diversas Forças Armadas. Por fim desejo agradecer aos amigos da Revista Tecnologia & Defesa, nas pessoas de Francisco Ferro, Ronaldo Olive e Paulo Maia, que nos acolheram com cordialidade no período que lá estivemos, e ao nosso amigo particular Paulo Roberto Bouhid, que muito contribuiu para a cobertura do evento. Se Deus assim o permitir, nos vemos na LAAD 2009.

 


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