O Centauro II é um caça-tanques sobre rodas construído pelo Consórcio IVECO OTO-Melara (CIO) e será entregue ao Exército Italiano com o nome “B2 Centauro”, sendo uma evolução do Centauro (B1), que foi o primeiro carro blindado 8X8 de caçador de tanques construído no mundo, armado com um canhão compatível com munição OTAN de 105 mm. O B1 Centauro foi projetado para atender às necessidades do Exército Italiano durante os últimos anos da Guerra Fria. O seu principal objetivo era o de dar maior mobilidade às forças italianas desdobradas na defesa do território nacional, para fazer frente aos tanques do Pacto de Varsóvia que rompessem as linhas de defesa do Ocidente ou para se contrapor a desembarques anfíbios na costa do mar Adriático, num hipotético conflito. Para atender a esses requisitos, precisava de características diferentes em relação aos carros de combate usados pela Itália naquele período, como o M47, o M60A3 Patton e o Leopard 1A2. Mobilidade, armamento pesado e baixo peso seriam os pontos fortes deste novo veículo e o CIO, contra todas as expectativas, desenvolveu um veículo com rodas em vez de um tanque leve, que foi revelado em 1986, que logo depois entrou em serviço no Exército italiano. Com o colapso da União Soviética e o fim da Guerra Fria, o B1 não servia mais ao propósito para o qual havia sido originalmente projetado. Desde então, participou de operações de paz e humanitárias com a OTAN e a União Européia, levando o veículo dos rigorosos invernos dos Balcãs para o clima quente da Somália e do Sultanato de Omã. O projeto de um protótipo para uma atualização do Centauro começou em 2000, com a nova torre HITFACT-1 e o canhão OTO-Melara 120/44, os mesmos do C1 ARIETE. Em dezembro de 2011, o CIO assinou um contrato com o governo italiano e iniciou o desenvolvimento de um veículo, também com rodas, mas com uma estrutura totalmente modificada, capaz de resistir a IED (Improvised Explosive Device) ou a minas, com um canhão de 120 mm para otimizar a linha de logística de munições do Exército. Após quatro anos de um planejamento muito cuidadoso visando proporcionar uma excelente proteção para a tripulação, em 2015 nasceu o Centauro II (B2). O protótipo foi testado intensivamente e submetido a mais de 20 testes anti-minas ou anti-IED que determinaram sua excelente resistência a explosões. A torre e a estrutura também foram submetidos a testes rigorosos, com excelentes resultados contra armas de infantaria e canhões leves. O Centauro II foi projetado para a doutrina moderna de Network-Centric Warfare, para servir em missões OOTW (Operations Other Than War) e para a guerra urbana, onde uma plataforma com rodas é muito mais funcional do que outras em termos de mobilidade e poder de fogo. Ele foi projetado como um substituto melhorado para o B1, mas muitas lições também foram tiradas da experiência adquirida com o veículo blindado 8x8 Freccia, uma variante transporte de tropas e IFV do Centauro.

A estrutura é dividida em três partes: a parte frontal com o compartimento do motor, tanque de combustível e a caixa de câmbio; a área destinada à tripulação no meio com a torre no topo; e o setor para munições na parte traseira, separados do resto dos demais por uma antepara com porta. Este sistema oferece maior segurança para a tripulação, pois os três compartimentos são separados e vedados entre si. Em caso de emergência, todos os tripulantes podem evacuar o veículo por uma porta blindada localizada na parte de trás do casco. Sua estrutura e seus sistemas tecnológicos são capazes de operar mesmo em temperaturas extremas de -30° C a +55° C, graças ao sistema de ar condicionado integrado ao moderno sistema de filtragem de ar. As atualizações instaladas no Centauro II começam com a nova torre HITFACT-2 (Highly Integrated Technology Firing Against Combat Tank) construída pela Leonardo, pesando 8.780 kg e equipada com a última geração de optoeletrônica para o comandante e o artilheiro. Outra atualização digna de nota é a estabilização independente em três eixos da arma principal, permitindo um tiro de precisão mesmo que o veículo esteja se movendo em terreno acidentado. O canhão OTO Melara 120/45 LRF (Low Recoilless Fitting), confere ao veículo um poder de fogo igual a o dos tanques de batalha mais modernos, como o M1A2 SEP Abrams, Leopard 2A6 ou Leclerc. A arma é compatível com as munições padrão da OTAN de última geração, como APFSDS-T com ponta de tungstênio para alvos fortemente blindados, antitanque APFSDS, e munição antipessoal HE (alto explosivo). O armamento secundário é uma metralhadora coaxial de 7.62mm. No topo da torre pode ser instalado opcionalmente um sistema RWS, a HITROLE (Highly Integrated Turret Remotely, Operated, Light Electrical), com uma metralhadora MG42 de 7.62mm ou uma calibre 12.7mm Browning M2HB. A fim de aumentar a proteção da tripulação, está equipado com um sistema Jammer Guardian H3 usado para perturbar as comunicações sem fio e, assim, inibir a ativação remota de RC-IED's (Radio Controlled - Improvised Explosive Device). Outras defesas passivas consistem em oito projetores de fumaça de 80 mm posicionados em dois grupos de quatro nas laterais da torre, também vários sensores RALM (receptores de alarme a laser), capazes de identificar emissões de laser dos telêmetros de veículos inimigos em um raio de 360°. Estes podem determinar o tipo de ameaça e acionar automaticamente os lançadores de granadas para criar uma cortina de fumaça capaz de esconder o veículo também das miras de radiação infravermelha. Um sinal acústico também é enviado ao sistema de intercomunicação de bordo e a fonte do feixe de luz é enviada ao display para que a tripulação possa reagir rapidamente à ameaça. O Consórcio desenvolveu três níveis de proteção para este veículo. Na versão básica, a blindagem “Tipo A” é capaz de resistir a munição perfurante de canhões de 30mm na frente, 25mm nas laterais e 12.7mm na parte de trás. Com placas de blindagem de compósito e Kevlar adicionais no casco e na torre, o Centauro II aumenta seu peso em 1,5 toneladas, mas atinge a proteção “Tipo B” e fica completamente protegido de munições APFSDS de 40mm. O motor do veículo é um diesel IVECO Euro III V8 com potência de 720 hp, superalimentado por 2 turbocompressores. Com o tanque cheio (520 litros), o Centauro II tem autonomia de 800 km e velocidade máxima de 105 km/h em estrada pavimentada. A versão original Centauro (B1) é operado pela Itália (259 unidades), Espanha (84), Jordânia (141) e Omã (09). Em 2021 o Exército Italiano encomendou 106 unidades e em 2022 o Exército Brasieiro fechou um contrato para a aquisição de 98 unidades do Centauro II (B2), a versão mais avançada do blindado.