Combatentes



Comando SAS - Grã-Bretanha

Segunda Guerra Mundial
Atuação: Norte da África - 1941 a 1943


O SAS (Special Air Service) foi criado em julho de 1941, a partir de uma ideia e um plano pouco ortodoxo do Ten. David Stirling, que servia no No.8 Guards Commando, com experiência em ações no Oriente Médio. Na sua concepção pequenas equipes de soldados treinados em paraquedismo operassem atrás das linhas inimigas para obter Inteligência, destruir aeronaves inimigas e atacar suas rotas de abastecimento e reforço. Após uma reunião com o Alto Comando do Exército sua ideia foi aprovada. A unidade foi designada Brigada de Serviço Aéreo Especial do Destacamento L. A Força inicialmente consistia em cinco oficiais e 60 outras patentes. Após extenso treinamento no campo de Kabrit, às margens do rio Nilo, empreenderam sua primeira missão, a "Operação Squatter". Esta consistiu em um lançamento de paraquedas atrás das linhas do Eixo durante a noite de 17 de novembro de 1941, quando os comandos atacaram os campos de aviação de Gazala e Timimi. Devido à resistência das tropas alemães e às condições climáticas adversas, a missão foi um desastre com 22 homens mortos ou capturados. Porém, após este revés inicial, o SAS se recompôs e entre tantas outras operações bem sucedidas, destaca-se o assalto ao campo de aviação da Luftwaffe em Sidi Haneish na noite de 26 de julho de 1942. Em novembro de 1941, 70% dos suprimentos enviados às Forças do Eixo no Norte de África foram perdidos em ataques aéreos e navais aliados. Em 1942, as forças alemãs e italianas na região enfrentaram uma grave escassez de abastecimento, com os Aliados afundando os navios mercantes no Mediterrâneo. Os suprimentos eram transportados pela Península Itálica, principalmente por via férrea, para os portos do sul, para dali serem enviados ao Norte da África. A Marinha Real estava mobilizando um número crescente de navios e submarinos para a área para interceptar os comboios de abastecimento do inimigo, obrigando a Luftwaffe a carregar parte do fardo de abastecer o Afrika Korps e as tropas italianas por via aérea. O terreno árido muitas vezes tornava o transporte terrestre impraticável, forçando as aeronaves a voar entre pistas remotas sobre no deserto para entregar, peças, tropas e alimentos. Stirling já vinha desenvolvendo há algum tempo um plano para atacar o campo de aviação de Sidi Haneish, um complexo localizado a 378 km a oeste do Cairo, que os alemães chamavam de Haggag el Qasaba. O ataque envolveria uma tática desconhecida do SAS: invadir a base em veículos, em vez de uma incursão aérea furtiva. Ele convocou o Long Range Desert Group (unidade do Exército especializada em operações de reconhecimento, coleta de informações e sabotagem atrás das linhas inimigas, se movimentando no deserto em missões que podiam durar até três semanas), para fornecer veículos e transporte, julgando que o poder de fogo e a velocidade dos jipes eram suficientes para superar as defesas alemãs. Os invasores deveriam dirigir 80 km através do deserto a partir de um esconderijo em Bir el Quseir e então invadir o campo de aviação em 18 jipes em duas colunas, com Stirling na liderança. Eram equipados com quatro metralhadoras Vickers K, uma arma de disparo rápido, originalmente projetada para aeronaves da Royal Air Force (RAF).

Na noite de 26 de julho, os homens realizaram um ensaio geral. O ataque começou na noite do dia 27 de julho, com os três ou quatro comandos britânicos (haviam também alguns franceses no grupo) em cada veículo, navegando pelo deserto em formação com os faróis apagados. O tempo estava ideal com lua cheia e sem nuvens. À medida que os invasores se aproximavam do objetivo, as luzes ao longo da pista se acenderam, causando preocupação entre os comandos que temiam ter sido detectados, mas haviam sido acesas para que um bombardeiro da Luftwaffe pousasse. Stirling disparou um sinalizador verde e ordenou que os jipes avançassem em formação de 'V'. O SAS invadiu o campo de aviação, disparando suas metralhadoras pesadas carregadas com munição traçante, para disparar contra as aeronaves alemãs estacionadas que incluíam bombardeiros de mergulho Junkers Ju 87 Stuka, aeronaves de carga Ju 52 e caças Messerschmitt Bf 109. As tropas alemãs retaliaram com fogo inclusive de armas antiaéreas, incapacitando um jipe. John Robson, comando SAS de 21 anos que manejava a metralhadora, foi baleado e morto, tornando-se a única vítima do ataque em si. Os invasores usaram a maior parte de sua munição e manobraram para escapar após uma última varredura em busca de aeronaves não danificadas. Paddy Mayne colocou uma bomba no motor de um bombardeiro estacionado antes de se retirar. Os invasores destruíram ou danificaram cerca de 40 aeronaves da Luftwaffe, embora o SAS tenha reivindicado 25, pois era costume subestimar as perdas do Eixo. Os invasores escaparam para o deserto e se dividiram em grupos de três a cinco jipes, buscando escapar da detecção por aeronaves alemãs que buscavam vingar seus companheiros mortos, já que restavam apenas duas horas e meia de escuridão. À luz do dia, eles se tornariam vulneráveis a ataques aéreos. O SAS escondeu-se durante o dia, camuflando os seus veículos e todos, exceto um grupo, chegaram a Bir el Quseir. Um grupo de jipes operados por comandos franceses foi retardado por furos e avarias, expondo-os no deserto. Eles foram avistados por quatro bombardeiros de mergulho Stuka que realizaram nove ataques, ferindo mortalmente o paraquedista André Zirnheld. Depois que os caças ficaram sem munição, os comandos embarcaram no único jipe operacional e alcançaram um local seguro. O ataque foi um grande sucesso, várias das aeronaves alemãs destruídas eram os transportes Junkers 52, cuja perda exacerbou as dificuldades de abastecimento do Eixo em todo o Norte da África.

O tenente do SAS retratado aqui usa um blusão khaki, padrão da unidade operando em área de deserto, onde exibe com orgulho o distintivo das asas (wings) sobre o bolso esquerdo, significando que ele já havia realizado pelo menos três saltos de paraquedas atrás das linhas inimigas. A bermuda, sem bolsos cargo, ajudava na locomoção e no alívio do calor escaldante da região. Assim como as sandálias árabes de couro usadas com meias grossas enroladas até o calcanhar. Ele calça luvas de couro com punho mais longo, para facilitar a condução dos veículos e o manuseio de armas pesadas, como as metralhadoras Vickers K, montadas nos jipes. Um item fundamental era o tradicional turbante árabe, o shemagh, que oferecia proteção contra o sol e também podia ser atravessado sobre a face como proteção durante uma tempestade de areia. Este era seguro no topo da cabeça por um cordão trançado de lã preta, conhecido como agal, também muito comum nas vestimentas árabes. No cinturão carrega o coldre com a pistola, provavelmente uma FN Browning Hi-Power, calibre 9mm, e uma faca de combate Fairbairn-Sykes de dois gumes com cabo de alumínio. Definitivamente um uniforme incomum para os padrões britânicos da época, mas amplamente adaptado para as severas condições dos desertos do Norte da África, onde os comandos atuavam por semanas a fio, sem qualquer apoio próximo, para cumprir suas missões.



 

 



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Apresentamos os protagonistas das principais guerras do século XX, com o relato de onde e como atuaram, seus uniformes, suas armas e seus atos de bravura e heroísmo em combate. Histórias fascinantes que levarão o visitante a participar como coadjuvante dos eventos em que elas ocorreram. Para conhecer detalhadamente cada um destes valorosos soldados de infantaria, fuzileiros navais, paraquedistas e comandos de forças especiais, basta clicar nas janelas acima, por especialidade ou pela ordem em que foram incluídos os artigos nesta seção.

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