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Special Operations Executive (SOE) A unidade britânica que apoiou a Resistência na Europa, na África e na Ásia, durante a Segunda Guerra. |
Criada no verão de 1940, depois que a Alemanha nazista havia invadido a maior parte da Europa, por ordem direta do Primeiro-Ministro Winston Churchill, a Special Operations Executive (SOE) tinha como objetivos equipar, treinar e ajudar os principais grupos de Resistência nas áreas ocupadas pelas forças alemãs, bem como efetuar agressivas operações de sabotagem. Seus oficiais e agentes com os grupos locais, coordenando suas atividades com outros grupos e com as campanhas dos exércitos Aliados pela libertação do continente. Comandada durante a maior parte do conflito pelo Major-General Sir Colin Gubbins, a SOE era dividida por seções separadas para cada país para o qual as operações eram planejadas. Cada uma delas recrutava, treinava e operava com seu próprio pessoal. Então, os agentes e oficiais eram enviados para território inimigo clandestinamente, uns descendo de aviões em campos de pouso ermos ou saltando de paraquedas, outros usando submarinos e pequenos botes. Uma vez em contato com membros da Resistência local e em cooperação com eles, efetuavam ações de sabotagem em linhas de comunicação, fábricas, galpões de suprimentos e estações de energia elétrica, para quebrar a moral dos inimigos. Em laboratórios no interior da Inglaterra, desenvolviam todo tipo de equipamentos especiais, formas originais para esconder, transportar e controlar a detonação de explosivos, criação de armas silenciosas e fáceis de esconder e pequenos aparelhos de rádio que permitiam as comunicações furtivas entre os agentes e o quartel-general, recebendo mensagens ou passando informações cruciais, como o movimento das tropas inimigas. Por seu trabalho envolver espionagem e sabotagem em território hostil, os agentes da SOE eram implacavelmente caçados pelas forças nazistas. Se capturados, corriam o risco de serem brutalmente torturados ou mortos. Os objetivos e metas da SOE mudaram ao longo da guerra, embora girassem em torno de sabotar e subverter a máquina de guerra do Eixo por meio de métodos indiretos. Ocasionalmente, a unidade realizou operações com objetivos militares diretos, como a "Operação Harling", originalmente projetada para cortar uma das linhas de suprimento dos alemães para suas tropas lutando no Norte da África. Eles também realizaram algumas operações de alto nível voltadas principalmente para o moral dos nazistas e das nações ocupadas, como a "Operação Anthropoid", o assassinato de Reinhard Heydrich, o governador alemão da Tchecoslováquia, em Praga. Em geral, também, os objetivos da SOE eram fomentar o ódio mútuo entre a população dos países ocupados e seus ocupantes, e forçar o Eixo a gastar mão de obra e recursos para manter seu controle sobre as populações subjugadas. O entusiasmo inicial por fomentar greves generalizadas, desobediência civil e sabotagem em áreas ocupadas teve que ser contido. Depois disso, haviam dois objetivos principais, muitas vezes mutuamente incompatíveis; minar o esforço de guerra do inimigo e a criação de exércitos secretos que se levantariam para ajudar na libertação de seus países quando as tropas aliadas chegassem. Foi reconhecido que atos de sabotagem trariam represálias e aumentariam as medidas de segurança dos alemães, o que dificultaria a criação deles. À medida que a maré da guerra virava a favor dos Aliados, esses exércitos subterrâneos se tornaram mais importantes. Os centros de treinamento iniciais da SOE ficavam em casas de campo como Wanborough Manor, Guildford. Agentes destinados a servir no campo passaram por treinamento de comandos em Arisaig, na Escócia, onde aprenderam habilidades de combate armado e desarmado. Aqueles que passavam neste curso recebiam treinamento de paraquedismo pelo STS 51, situado perto de Altrincham, com a assistência da No.1 Parachute Training School RAF. Finalmente, dependendo da função pretendida, eles recebiam treinamento especializado em habilidades como técnicas de demolição ou telegrafia em código Morse em várias casas de campo na Inglaterra. A filial da SOE no Cairo estabeleceu uma escola de treinamento de comandos e paraquedistas, designada STS 102, em Ramat David perto de Haifa. Esta escola treinou agentes em técnicas de operação no deserto que se juntariam às forças estacionadas no Oriente Médio e também membros do Serviço Aéreo Especial (SAS) e do Esquadrão Sagrado Grego. Uma variedade de pessoas de todas as classes e ocupações pré-guerra serviram a SOE em campo. As origens dos agentes da Seção F, por exemplo, variavam de aristocratas como a condessa polonesa Krystyna Skarbek e Noor Inayat Khan, filha de um líder sufi indiano, a pessoas da classe trabalhadora como Violette Szabo e Michael Trotobas, com alguns até mesmo supostamente do submundo do crime. Muitos foram recrutados de boca em boca entre os conhecidos dos oficiais da SOE, outros responderam a buscas rotineiras das forças armadas por pessoas com línguas incomuns ou outras habilidades especializadas. Na maioria dos casos, a qualidade primária exigida de um agente era um profundo conhecimento do país em que ele ou ela iria operar, e especialmente sua língua, se o agente quisesse se passar por um nativo do país. A dupla nacionalidade era frequentemente um atributo valorizado. Isso era particularmente verdade na França. Vários agentes eram dos Paraquedistas Judeus do Mandato da Palestina, alguns dos quais eram emigrantes de países da Europa. Trinta e dois deles serviram como agentes em campo, sete dos quais foram capturados e executados. Membros exilados ou fugitivos das forças armadas de alguns países ocupados eram fontes óbvias de agentes. Uma situação interessante é como a BBC de Londres desempenhou seu papel nas comunicações com agentes ou grupos em campo. Durante a guerra, ela transmitiu para quase todos os países ocupados pelo Eixo e foi avidamente ouvida, mesmo sob risco de prisão. A BBC incluiu várias "mensagens pessoais" em suas transmissões, que poderiam incluir versos de poesia ou itens aparentemente sem sentido. Elas poderiam ser usadas para anunciar a chegada segura de um agente ou poderiam ser instruções para realizar operações em uma determinada data. Foram usadas, por exemplo, para mobilizar os grupos de Resistência nas horas anteriores à "Operação Overlord", o desembarque Aliado na Normandia, em junho de 1944. Para dar suporte ao "Dia D" suplementaram seus agentes lançando de avião grupos de três homens uniformizados em um total de cem, como parte da "Operação Jedburgh". Eles trabalhariam com a Resistência Francesa para coordenar ações abertas e generalizadas que conseguiriam impor atrasos mais ou menos sérios em todas as Divisões alemãs movidas para a Normandia, o que impediu Hitler de revidar nas horas cruciais dos primeiros desembarques. Muitos foram capturados, mortos em ação, executados ou morreram em campos de concentração alemães. Uma equipe típica de uma rede consistia em um organizador (líder), um operador de rádio e um mensageiro. Os agentes desempenhavam uma variedade de funções, incluindo instrutores de armas e sabotagem, mensageiros, oficiais de ligação e operadores de rádio; Na Polônia, as operações conjuntas anglo-polonesas forneceram a Londres Inteligência vital sobre os foguetes V-2, os movimentos das tropas alemãs na Frente Oriental e as repressões soviéticas de cidadãos poloneses. Em outubro 1942, um grupo realizando ataques de comandos na Noruega, conhecido como Linge Company, organizada sob a liderança do Capitão Martin Linge, realizou provavelmente sua operação mais conhecida, sabotando a produção de água pesada na usina de Vermok então controlada pelos nazistas, o que impediu o desenvolvimento da bomba atômica alemã. A SOE enviou muitas missões para as áreas da Eslováquia, sendo a mais famosa a "Operação Anthropoid", o assassinato do SS-Obergruppenführer Reinhard Heydrich, o "Açougueiro de Praga", emboscado em um cruzamento da capital por uma equipe de soldados tchecos e eslovacos vindos do exílio. No final de 1942, o SOE montou sua primeira ação na Grécia, denominada "Operação Harling", em uma tentativa de interromper a ferrovia que estava sendo usada para transportar materiais para o Afrika Korps, no norte da África. Um grupo foi lançado de paraquedas, apoiado por 150 guerrilheiros gregos, explodiu um dos vãos do viaduto ferroviário em Gorgopotamos, cortando a linha que ligava Tessalônica a Atenas. Logo após seu estabelecimento, a seção romena do SOE recebeu a missão de sabotar embarques de petróleo para a Alemanha, vital para seu esforço de guerra, e tentar formar um movimento de Resistência principalmente mantendo contato com os atores políticos pró-britânicos. A ilha espanhola neutra de Fernando Pó, localizada na costa da Guiné Equatorial, foi o cenário da "Operação Postmaster", uma das façanhas mais bem-sucedidas da SOE. O grande navio mercante italiano Duchessa d'Aosta e o rebocador alemão Likomba se refugiaram no porto de Santa Isabel, onde transfeririam suprimentos e munições para os submarinos alemães que operavam ao longo do Atlântico Sul. Em 14 de janeiro de 1942, enquanto os oficiais dos navios participavam de uma festa em terra organizada por um agente da SOE, comandos e pessoal da unidade liderados por Gus March-Phillipps abordaram os dois navios, cortaram os cabos de âncora e os rebocaram para o alto mar, onde mais tarde se encontraram com navios da Marinha Real. Esta ação foi reconstituída no filme lançado em 2024 "Guerra Sem Regras", do diretor Guy Ritchie. A Special Operations Executive também realizou missões na Bélgica, na Itália, na Yugoslávia, na Hungria, na Albânia, na Dinamarca, na Etiópia e no Sudoeste da Ásia. De 1940 até 1944, trezentos e noventa homens da SOE foram enviados para operar na França. Destes, 17 foram capturados mas sobreviveram, porém outros 102 foram mortos. A despeito de seu sacrifício, a SOE nunca foi plenamente aceito pelos serviços de Inteligência Aliados. No entanto, teve um atuação de vital importância na organização e coordenação das forças de Resistência em operações de apoio à invasão Aliada da Europa, que finalmente aconteceu em junho de 1944. A organização empregou ou controlou diretamente mais de 13.000 pessoas, das quais 3.200 eram mulheres. Tanto homens quanto mulheres serviram como agentes em países ocupados pelo Eixo. A SOE foi dissolvida em 1946 e um memorial em homenagem para aqueles que nela serviram e sacrificaram suas vidas foi inaugurado em 1996, na parede da ala oeste da Abadia de Westminster, pela Rainha Elizabeth II. |