Guerra
do Vietnã
|
Período |
1963
- 1975 |
Área
do conflito |
Sudeste
da Ásia |
Protagonistas |
Estados
Unidos, Vietnã do Sul, Vietnã do Norte e guerrilheiros Vietcongues
(Frente de Libertação Nacional). Em menor escala, tropas
da Austrália, Nova Zelândia, Filipinas e Coréia do
Sul. União Soviética e China como fornecedores de armas
para o ENV e para os vietcongues. |
Histórico |
Terminada
a guerra da Indochina em 1954, haviam dois Vietnãs. O do Norte,
comunista e o do Sul, cujo governo representava, do ponto de vista americano
em plena Guerra Fria, a única esperança de fazer frente
ao poder dos comunistas na região. Para tanto o presidente Kennedy
autorizara o envio dos primeiros assessores militares, que em 1963 já
eram 12.000, e helicópteros
armados para o Vietnã do Sul. O envolvimento dos EUA no conflito
teve como pretexto o ataque norte-vietnamita ao seus navios USS Maddox
e USS C.Turney Joy enquanto patrulhavam
o golfo de Tonquim, em julho de 1964. A intervenção americana
se estendeu aos países vizinhos, como a Tailândia onde mantinha
a maior base aérea do sudeste asiático (U Tapao) e 50.000
soldados, e Laos fornecendo armas e equipamentos às Forças
Reais e a membros da tribo dos meos. O norte do Laos foi alvo de incessantes
bombardeios aéreos por fazer parte da rota de suprimentos dos guerrilheiros
vietcongues, a famosa "trilha Ho Chi Minh" (entre 1965 e 71
foi jogado mais peso em bombas sobre seu percurso do que em toda a Segunda
Guerra Mundial). A vigilância do ar foi a principal fonte de informações
dos americanos na guerra e seus aviões com sofisticados sensores
eletrônicos, radares e câmeras foram primordiais no controle
das atividades do inimigo. A partir de 1965 um número crescente
de soldados dos EUA entrou no país: de 45.000 em maio para 125.000
em julho, chegando a 265.000 um ano depois e a 500.000 homens em 1967.
Com seu extraordinário poderio bélico, os americanos e seus
aliados obtiveram considerável sucesso na região rural,
avançando até o Planalto Central, e construíram uma
série de bases, a "Linha McNamara", para impedir a infiltração
dos norte-vietnamitas, que no entanto a contornavam através do
território do Camboja e do Laos e pela trilha Ho Chi Minh. Porém
no início de 1967 os vietcongues haviam sido derrotados na área
de Saigon, nas operações Cedar Falls e Junction City, e
fracassaram nos ataques às bases da Linha McNamara em Khe Sanh,
Gio Linh e Con Thien. De 1965 a 1968, os EUA empreenderam uma série
regular de bombardeamento aéreo do Vietnã do Norte, de cunho
estratégico, denominada Operação Rolling Thunder,
tendo sido realizados 300.000 vôos e lançadas cerca de 860.000
toneladas de bombas. Os danos causados foram grandes: 77% dos depósitos
de munição, 65% das instalações de combustível,
59% das usinas elétricas e 55% das principais pontes. Em princípios
de 1968, adotando uma nova estratégia, os norte-vietnamitas reverteram
o quadro por meio da grande Ofensiva
do Tet (Ano Novo Lunar), combinando um cerco a Khe Sanh com ataques
a cidades do Vietnã do Sul. Daí em diante o Exército
americano, que alcançara razoável sucesso moral e militar
de 1966 a 1968, entrou numa fase de recuos, desilusões e desintegração.
Nas operações terrestres as forças americanas utilizavam
técnicas de "busca e destruição" para atacar
regimentos e divisões do inimigo, para conter sua iniciativa, desarticular
suas bases e responder às provocações e fustigamentos.
Na região do delta do Rio Mekong, na selva ou nas montanhas, a
tática era a "guerra nas aldeias". Ao se embrenhar na
mata para combater os vietcongues, tornavam-se alvos de armadilhas, minas
(causadoras de 11% das baixas no campo) e emboscadas, vigiados de perto
por um inimigo que conhecia cada palmo da região e possuía
uma intrincada rede de abrigos subterrâneos e túneis. Os
helicópteros, indispensáveis na campanha dos aliados, e
a artilharia pouco podiam fazer, e na maioria das vezes os soldados americanos
ficavam extremamente vulneráveis neste território pouco
conhecido. A
ofensiva do Tet iniciou-se na noite de 30 de janeiro de 1968, após
intenso bombardeio com morteiros e foguetes, quando as forças do
Exército norte-vietnamita (ENV) e do Vietcongue, com cerca de 84.000
homens, atacaram simultaneamente cinco grandes cidades, 36 capitais de
província, 64 capitais de distrito e cinqüenta aldeias. Os
dois principais alvos foram a capital Saigon e a cidade imperial de Huê.
Os americanos e o Exército
sul-vietnamita (ESV) reagiram rápido, recuperando a capital
e as cidades importantes em uma semana. O Norte perdeu 30.000 homens e
o Sul 11.000 soldados. O período de 1968 a 72 marca uma fase de
poucos combates, a retirada da maior parte das tropas americanas, ordenada
pelo presidente Nixon (pressionado pela opinião pública
em seu país) e a transição para uma guerra convencional
entre os exércitos regulares do Vietnã do Norte e do Vietnã
do Sul. Em março de 1972, o ENV iniciou uma grande invasão
rumo ao sul, organizada pelo general Vô Nguyen Giap, veterano da
guerra contra os franceses de 1945 a 54, aproveitando-se da fragilidade
das tropas do ESV e da diminuição do apoio dos EUA e de
seu poderio aéreo na área. Mas o general Giap não
conseguiu a vitória fácil que imaginou, pois substimara
as forças dos aliados. Os dois lados tentaram manter as posições
conquistadas, criando um impasse. Em 23 de janeiro de 1973, todos os envolvidos
no conflito assinam um acordo de cessar-fogo. Em fins de março
todos os soldados americanos já haviam abandonado o Vietnã.
Nos dois anos seguintes, os comunistas avançaram por todo o Sul
e sem o apoio das forças americanas, o ESV não tinha como
reagir. Em abril de 1975, o governo de Saigon estava prestes a cair. Na
cidade o pânico era generalizado e muitas pessoas, como funcionários
públicos e policiais, foram mortos pelos vietcongues, que os consideravam
traidores. Os Estados Unidos ainda conseguiram evacuar o pessoal de sua
embaixada e cerca de 7.000 pessoas para evitar um massacre ainda maior.
Eram quase 8 horas do dia 30 de abril quando os últimos marines
partiram. Às 11 horas um tanque do ENV derrubou os portões
do palácio presidencial. Era o fim da Guerra do Vietnã. |
Principais
forças envolvidas |
Estados
Unidos: 2.300.000 homens serviram no Vietnã de 1961 a 1974, com 46.370
mortos e 300.000 feridos. Vietnã do Sul: 1.048.000 homens (Exército regular e Forças Populares), com 184.000 mortos. Vietnã do Norte e Vietcongues: cerca de 2.000.000 homens, com 900.000 mortos no total. |
Principais
batalhas |
A ofensiva do Tet, a batalha pela cidade imperial de Huê, as operações fluviais no delta do Rio Mekong, bombardeio aéreo do Vietnã do Norte (Operação Rolling Thunder), combates na região conhecida como Triângulo de Ferro (Operações Cedar Falls e Junction City), batalha de Khe Sanh, patrulhas da US Navy em águas costeiras (Operação Sea Dragon) e a queda da capital Saigon. |
Resultado
final |
Unificação do país, com a criação da República Socialista do Vietnã, que sem crédito no exterior e isolada no plano diplomático, possuía graves problemas econômicos; reafirmou sua aliança com a União Soviética e rompeu com a China; reaproximou-se da França. Para os Estados Unidos restaram o trauma de uma guerra que não contou com apoio de seu povo em momento algum e ainda arranhou o seu orgulho de potência militar. Custo total estimado: US$ 720 bilhões © www.militarypower.com.br |