Novidades, muitas novidades. Isto define bem o que foi a LAAD 2009 e
a maioria delas envolvendo nossas Forças Armadas, o que é
um bom sinal de que as coisas podem estar mudando na área de
Defesa. A começar pelo layout da própria Feira
onde as empresas nacionais tiveram seus estandes agrupados em um setor
específico, equivalente a 25% da área total. Outros países
também montaram pavilhões como a França, Itália,
África do Sul e Israel, onde aglutinaram as suas principais empresas
e os estandes das gigantes americanas Lockheed Martin, Boeing, Raytheon
e Sikorsky mais uma vez dominaram a entrada do pavilhão. Nos
quatro dias do evento circularam por seus corredores cerca de 18 mil
visitantes para conhecer os equipamentos de 336 expositores, reunindo
pessoas de 56 países, números recordes que atestam o sucesso
da iniciativa. Já no primeiro dia da LAAD, o Comando da Aeronáutica
e a Embraer assinaram um contrato no valor de US$ 1,3 bilhão
para o desenvolvimento do avião
de transporte KC-390, cujo projeto sofreu algumas modificações
para atender as especificações da FAB, como maior capacidade
de carga, alteração do desenho da cauda (agora mais alta)
e motores mais potentes que os originais. Espera-se a entrega da primeira
aeronave em 2015 e especula-se uma encomenda de cerca de 20 a 30 unidades.
Outro destaque da Feira foi a apresentação do mock
up em tamanho real da nova viatura blindada sobre rodas (VBTP-MR)
do Exército Brasileiro, um projeto conjunto do CTEx com a empresa
italiana Iveco, com um lote de pré-série de 16 unidades
já contratado. Eu, particularmente, fiquei bastante impressionado
com o VBTP-MR por seu grande porte ainda que com um chassi 6x6 já
que todos só o conheciam através de desenhos em folders
ou artigos de revistas. No estande da Mectron pode-se observar de perto
os mísseis ar-ar MAA-1B Piranha com novos aviônicos e com
novo desenho das aletas dianteiras, e o anti-radiação
MAR-1, este com 100 unidades comercializadas com o Paquistão,
o que indica a maturação de seu projeto. Uma surpresa
ficou por conta da Britanite que em parceria com a Mectron desenvolveu
um kit para ser acoplado em bombas Mk.82 ou Mk.83, composto de duas
partes: a traseira com quatro aletas estabilizadoras e a dianteira com
o sistema de orientação por GPS/INS que permite um alcance
entre 16 a 24 km, dependendo da altitude de lançamento, com margem
de erro de apenas 6 metros. A Inbrafiltro trouxe o protótipo
de seu veículo blindado leve (VBL), com faces externas inclinadas
para reduzir a força de impacto de projéteis e sem rebites
ou dobradiças aparentes, dotado de uma torreta automática
equipada com uma metralhadora .50, muito útil em missões
de reconhecimento ou patrulha. A tradicional empresa gaúcha Agrale
expôs sua linha de veículos leves 4x4 Marruá, especialmente
os modelos AM1 para quatro pessoas, AM10 para cinco pessoas e AM20 para
transporte de pequenas frações de tropa ou até
750 kg de carga, operacionais com os exércitos ou fuzileiros
navais do Brasil, da Argentina e mais recentemente do Equador.
Na
oportunidade a Marinha do Brasil assinou contrato com a Embraer no valor
de US$ 140 milhões para a modernização de 12 aeronaves
AF-1 e AF-1A (A-4 Skyhawk) contemplando uma nova arquitetura de aviônica,
motorização, revisão da estrutura da aeronave e
instalação de novo radar, permitindo sua operação
com plena capacidade de combate por mais quinze anos. A francesa DCNS,
entusiasmada com a venda de quatro submarinos Scorpene para o Brasil,
montou um estande com maquetes dos seus principais produtos e com um
simulador do sistema de combate tático naval Subtics. As empresas
israelenses, reunidas em um pavilhão, mostraram mais uma vez
a excelência de seus produtos nas áreas de comunicação
& controle, mísseis (Derby e Python 5) e pods para
aviação (Litening
III e Reccelite), embora ficassem devendo no quesito "simpatia"
de seus técnicos. As decepções ficaram por conta
da francesa Dassault e da sueca Saab, que apesar de finalistas do Programa
FX-2 não trouxeram os simuladores de vôo de suas aeronaves,
limitando-se a divulgá-las através de maquetes, situação
não compartilhada pela outra concorrente, a americana Boeing,
que montou um simulador completo do F-18E
Super Hornet em seu estande, atraindo um grande público durante
todo o evento. Não podemos nos esquecer das dezenas de pequenas
empresas expositoras, dos mais diversos países como Polônia,
Coréia do Sul, República Tcheca, Áustria e Turquia,
que apesar de não terem tradição em equipamentos
de grande porte como caças, navios ou tanques, trazem a sua importante
contribuição nos setores de fardamento, proteção
individual, fuzis de assalto, pistolas, munições de diversos
calibres, equipamento de comunicação, entre tantos outros
produtos. Na área externa do Riocentro estavam expostos veículos
blindados, como o Piranha IIIC, SK 105 Kürraisser e o AAV
7A1 CLAnf todos dos fuzileiros navais; um exemplar do blindado Cascavel
e um veículo leve Gaucho (projeto brasileiro-argentino) ambos
do Exército Brasileiro(EB); e helicópteros HM-3 Cougar
e HM-1 Pantera do EB e um Esquilo da Marinha. A Latin America Aero &
Defence nos proporciona a oportunidade de colher muito material técnico
com informações fornecidas pelo próprio fabricante
e tirar fotos em detalhes poucas vezes permitidas fora deste ambiente,
mas principalmente nos permite rever velhos amigos e fazer novos contatos.
Agradeço a atenção com que fui recebido nos estandes
da Revista ASAS, onde tive o prazer de conhecer seu diretor Cláudio
Lucchesi e João Paulo Moralez, do site Defesanet onde reencontrei
Nelson During e Kaiser Konrad e principalmente a calorosa acolhida que
sempre nos dispensam os nossos grandes amigos da Revista Tecnologia
& Defesa, da qual temos a honra de ser parceiros, cujo estande é
a nossa "casa" na LAAD, na figura de seu editor-chefe Francisco
Ferro e dos consultores Ronaldo Olive, Paulo Maia e Reginaldo Bacchi.
A todos o meu cordial e fraterno abraço. Nos vemos na LAAD 2011.