LAAD 2015 - Latin America Aero & Defence
Sem qualquer sombra de dúvidas, a maior atração da recente exposição de material de defesa foi o mock-up (escala em tamanho real) do novo caça de superioridade da Força Aérea Brasileira, o Gripen NG. Montado na entrada do pavilhão 2 do Riocentro, em frente ao estande de seu fabricante a sueca SAAB, atraía a atenção de profissionais militares e civis, fosse para tirar fotos de todos os ângulos possíveis ou para formar uma longa fila para subir em seu cockpit, já equipado com a nova tela multifunção WAD (Wide Area Display), de 19 polegadas da AEL, que integrará todas as informações de voo, navegação e armas em um único visor panorâmico. Tal excitação do público se justifica pelo anúncio da escolha do caça pela FAB, em dezembro de 2013 e pela assinatura do contrato para o fornecimento de 36 unidades, em outubro de 2014, já que estas informações só se concretizaram após a edição anterior da Feira. Próximo à aeronave, um piloto de provas e engenheiros suecos simpaticamente davam explicações detalhadas sobre as modificações significativas em relação ao seu irmão mais velho das versões C/D. Em seus pilones estavam maquetes dos mísseis ar-ar BVR Meteor, ar-ar de curto alcance A-Darter, da bomba stand-off guiadas Spice 1000 de origem israelense, do míssil antirradiação nacional MAR-1 e de um pod de reconhecimento Recce 2. Todos estes armamentos já integrados nas versões atuais do Gripen operacionais com forças aéreas de cinco países, o que facilita a sua aquisição para equipar os futuros Gripen NG, mas não significa que serão os mesmos escolhidos pela FAB. Por acaso, foi anunciada a assinatura de um contrato em separado para fornecimento de armas para os caças brasileiros, no valor de US$ 300 milhões, porém por questões de segurança nacional não foram informados os tipos de mísseis, nem as suas quantidades, mas especula-se que certamente alguns dos citados acima farão parte do arsenal da FAB. Mas a Feira tinha muito mais para mostrar, afinal este ano haviam quase 700 empresas espalhadas em 3 pavilhões e na área externa. No estande principal da Embraer parte da fuselagem do novo KC-390 se fundia com a fachada, resultando num visual bem interessante. Quanto ao programa do cargueiro há uma promessa do governo de que os cortes orçamentários não afetarão o seu cronograma e os voos de certificação ao longo deste ano. A Odebrecht Defesa e Tecnologia expôs todo o portifólio dos mísseis de sua subsidiária Mectron, nossa missile house, dentre eles o Piranha MAA-1B, o A-Darter, o MSS 1.2 AC, o MAN-SUP e o MAR-1, estes dois últimos em destaque por seus tamanhos e capacidades. O desenvolvimento deste tipo de equipamento sempre demanda muito tempo e recursos, mas espera-se para o fim desta década a plena operacionalidade de todos eles. O A-Darter encontra-se em fase final de testes e com previsão de efetuar as primeiras entregas em 2016. As gigantes americanas como sempre se fizeram presentes com estandes potentosos em locais de destaque dos pavilhões. A Sikorsky confirmou a encomenda pelo Brasil de mais três unidades do UH-60M Black Hawk, em um contrato que inclue motores e peças sobressalentes, metralhadoras M-134D Minigun e suporte logístico, mas sem detalhar para qual das nossas Forças Armadas serão entregues. No estande da francesa DCNS havia uma enorme maquete do complexo naval que está sendo construído na região de Itaguaí (RJ), com dois estaleiros para a construção e manutenção dos submarinos Scorpene (S-BR, que serão ligeiramente maiores do que o projeto original, devido a uma seção extra incorporada por requisição da MB, deixando-o com o comprimento de 71 metros) e do casco do submarino a propulsão nuclear SN-BR com seus 100 metros de comprimento e deslocando cerca de 6.000 toneladas, além da futura Base Naval que irá abrigá-los, com a conclusão de todas as obras previstas para 2017. A Emgepron apresentou o projeto das novas corvetas da classe Tamandaré, denominado Programa CV03, cujo desenho do casco traz características furtivas e que ao que tudo indica contará com o avançado sistema de defesa antiaérea com mísseis Sea Ceptor, com previsão de construção de quatro unidades. A Agrale apresentou toda sua linha de veículos leves 4x4, com destaque para o jipe Marruá, que além de novas encomendas do Exército Brasileiro (EB) e dos Fuzileiros Navais da Argentina, tem boas perspectivas de novos contratos no continente sul-americano. No estande da Avibrás podia-se conhecer o novo veículo blindado leve 4x4 Tupi, derivado do modelo Sherpa Light Scout da francesa Renault, que participa atualmente dos testes de avaliação do EB, na licitação para a aquisição de um total de 180 unidades no médio prazo. Por falar em blindados não poderíamos deixar de citar a exposição do nosso veículo 6x6 Guarani com a opção de blindagem adicional nas laterais contra foguetes do tipo RPG (tipo telas removíveis), fabricada pela israelense Plasan, tão comum em veículos que operam no Iraque e no Afeganistão, e que agrega valor ao produto que já despertou o interesse de Líbano, Argentina, México e de países da África e do Oriente Médio, o que gera uma expectativa positiva como mais um produto bélico nacional a ser sucesso de exportação, como o foram os blindados da Engesa no passado. O Exército Brasileiro já recebeu as 126 unidades da versão básica do primeiro lote e mais 60 foram encomendadas para o processo de experimentação doutrinária da instituição. A Iveco, juntamente com o CTEx, está desenvolvendo a versão de reconhecimento (VBR) do Guarani, que terá tração 8x8 e canhão de 105 mm para substituir paulatinamente os antigos EE-9 Cascavel. A exemplo das outras edições da LAAD, a fim de facilitar os possíveis contatos comerciais e racionalizar os espaços, muitas empresas de um determinado país foram aglutinadas em um mesmo setor, em áreas destinadas às empresas da Alemanha, Rússia, Estados Unidos, Espanha, China, Itália, África do Sul, Israel e outros, onde podia-se visualizar os produtos de suas mais expoentes indústrias de material de defesa, entre elas KMW, Thyssenkrupp, Rosoboronexport, Sukhoi, Boeing, Lockheed Martin, Navantia, Indra, Fincantieri, Finmeccanica, Denel, Paramount, e Elbit Systems. A brasileira CBC, uma das maiores fabricantes de munição do mundo, fornecendo para mais de 70 países inclusive do bloco da OTAN, atendendo requisitos do EB está iniciando a produção de munição calibre 30 mm para os canhões do blindado Guarani e calibre 105 mm utilizadas pelos carros de combate Leopard 1A5. A Imbel confirmou a encomenda do primeiro lote de 12.000 unidades de seu fuzil de assalto modelo IA2 calibre 5,56 mm para o EB, que o selecionou para ser a arma padrão do infante brasileiro, vindo a substituir no longo prazo todos os eficientes mas antigos fuzis FAL calibre 7,62 mm. Na área externa três equipamentos se destacavam: um exemplar do helicóptero H-36 Caracal da FAB, customizado para missões C-SAR, equipado com sonda para reabastecimento em voo (primeira aeronave brasileira a contar com este equipamento), plataforma giroestabilizada com sensores da FLIR montada no nariz da aeronave, alertas laterais RWR e dispensadores de chaff / flares; a bateria de lançadores de foguetes de saturação de área ASTROS CFN 2020 dos Fuzileiros Navais recentemente incorporada; e o impressionante VANT de reconhecimento e vigilância a grandes altitudes e longas distâncias modelo Hermes 900 da israelense Elbit Systems, designado na FAB como RQ-900 e com a matrícula nº 7810, que se junta aos quatro Hermes 450 (RQ-450) na dotação do 1º/12º GAv Esquadrão Horus, sediado na Base Aérea de Santa Maria. Como citei no início, foram quase 700 expositores, distribuídos em três pavilhões e na área externa, muita coisa para se ver, muitas informações colhidas e pouco espaço para descrevê-las. Mas de novo comparecemos e procuramos neste artigo repassar um pouco de nossa experiência na LAAD 2015, num compromisso iniciado há doze anos. Portanto, missão cumprida! |
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