Sem qualquer sombra de dúvidas, a maior atração
da recente exposição de material de defesa foi o mock-up
(escala em tamanho real) do novo caça de superioridade da Força
Aérea Brasileira, o Gripen
NG. Montado na entrada do pavilhão 2 do Riocentro, em frente
ao estande de seu fabricante a sueca SAAB, atraía a atenção
de profissionais militares e civis, fosse para tirar fotos de todos
os ângulos possíveis ou para formar uma longa fila para
subir em seu cockpit, já equipado com a nova tela multifunção
WAD (Wide Area Display), de 19 polegadas da AEL, que integrará
todas as informações de voo, navegação e
armas em um único visor panorâmico. Tal excitação
do público se justifica pelo anúncio da escolha do caça
pela FAB, em dezembro de 2013 e pela assinatura do contrato para o fornecimento
de 36 unidades, em outubro de 2014, já que estas informações
só se concretizaram após a edição anterior
da Feira. Próximo à aeronave, um piloto de provas e engenheiros
suecos simpaticamente davam explicações detalhadas sobre
as modificações significativas em relação
ao seu irmão mais velho das versões C/D. Em seus pilones
estavam maquetes dos mísseis ar-ar BVR Meteor, ar-ar de curto
alcance A-Darter, da bomba stand-off guiadas Spice 1000 de
origem israelense, do míssil antirradiação nacional
MAR-1 e de um pod de reconhecimento Recce 2. Todos estes armamentos
já integrados nas versões atuais do Gripen operacionais
com forças aéreas de cinco países, o que facilita
a sua aquisição para equipar os futuros Gripen NG, mas
não significa que serão os mesmos escolhidos pela FAB.
Por acaso, foi anunciada a assinatura de um contrato em separado para
fornecimento de armas para os caças brasileiros, no valor de
US$ 300 milhões, porém por questões de segurança
nacional não foram informados os tipos de mísseis, nem
as suas quantidades, mas especula-se que certamente alguns dos citados
acima farão parte do arsenal da FAB.
Mas a Feira tinha muito mais para mostrar, afinal este ano haviam quase
700 empresas espalhadas em 3 pavilhões e na área externa.
No estande principal da Embraer parte da fuselagem do novo KC-390 se
fundia com a fachada, resultando num visual bem interessante. Quanto
ao programa do cargueiro há uma promessa do governo de que os
cortes orçamentários não afetarão o seu
cronograma e os voos de certificação ao longo deste ano.
A Odebrecht Defesa e Tecnologia expôs todo o portifólio
dos mísseis de sua subsidiária Mectron, nossa missile
house, dentre eles o Piranha MAA-1B, o A-Darter, o MSS 1.2 AC,
o MAN-SUP e o MAR-1, estes
dois últimos em destaque por seus tamanhos e capacidades. O desenvolvimento
deste tipo de equipamento sempre demanda muito tempo e recursos, mas
espera-se para o fim desta década a plena operacionalidade de
todos eles. O A-Darter encontra-se em fase final de testes e com previsão
de efetuar as primeiras entregas em 2016. As gigantes americanas como
sempre se fizeram presentes com estandes potentosos em locais de destaque
dos pavilhões. A Sikorsky confirmou a encomenda pelo Brasil de
mais três unidades do UH-60M Black Hawk, em um contrato que inclue
motores e peças sobressalentes, metralhadoras M-134D Minigun
e suporte logístico, mas sem detalhar para qual das nossas Forças
Armadas serão entregues. No estande da francesa DCNS havia uma
enorme maquete do complexo naval que está sendo construído
na região de Itaguaí (RJ), com dois estaleiros para a
construção e manutenção dos submarinos Scorpene
(S-BR, que serão ligeiramente maiores do que o projeto original,
devido a uma seção extra incorporada por requisição
da MB, deixando-o com o comprimento de 71 metros) e do casco do submarino
a propulsão nuclear SN-BR com seus 100 metros de comprimento
e deslocando cerca de 6.000 toneladas, além da futura Base Naval
que irá abrigá-los, com a conclusão de todas as
obras previstas para 2017. A Emgepron apresentou o projeto das novas
corvetas da classe Tamandaré, denominado Programa CV03, cujo
desenho do casco traz características furtivas e que ao que tudo
indica contará com o avançado sistema de defesa antiaérea
com mísseis Sea Ceptor, com previsão de construção
de quatro unidades.
A Agrale apresentou toda sua linha de veículos
leves 4x4, com destaque para o jipe Marruá, que além de
novas encomendas do Exército Brasileiro (EB) e dos Fuzileiros
Navais da Argentina, tem boas perspectivas de novos contratos no continente
sul-americano. No estande da Avibrás podia-se conhecer o novo
veículo blindado leve 4x4 Tupi, derivado do modelo Sherpa Light
Scout da francesa Renault, que participa atualmente dos testes de avaliação
do EB, na licitação para a aquisição de
um total de 180 unidades no médio prazo. Por falar em blindados
não poderíamos deixar de citar a exposição
do nosso veículo 6x6
Guarani com a opção de blindagem adicional nas laterais
contra foguetes do tipo RPG (tipo telas removíveis), fabricada
pela israelense Plasan, tão comum em veículos que operam
no Iraque e no Afeganistão, e que agrega valor ao produto que
já despertou o interesse de Líbano, Argentina, México
e de países da África e do Oriente Médio, o que
gera uma expectativa positiva como mais um produto bélico nacional
a ser sucesso de exportação, como o foram os blindados
da Engesa no passado. O Exército Brasileiro já recebeu
as 126 unidades da versão básica do primeiro lote e mais
60 foram encomendadas para o processo de experimentação
doutrinária da instituição. A Iveco, juntamente
com o CTEx, está desenvolvendo a versão de reconhecimento
(VBR) do Guarani, que terá tração 8x8 e canhão
de 105 mm para substituir paulatinamente os antigos EE-9 Cascavel. A
exemplo das outras edições da LAAD, a fim de facilitar
os possíveis contatos comerciais e racionalizar os espaços,
muitas empresas de um determinado país foram aglutinadas em um
mesmo setor, em áreas destinadas às empresas da Alemanha,
Rússia, Estados Unidos, Espanha, China, Itália, África
do Sul, Israel e outros, onde podia-se visualizar os produtos de suas
mais expoentes indústrias de material de defesa, entre elas KMW,
Thyssenkrupp, Rosoboronexport, Sukhoi, Boeing, Lockheed Martin, Navantia,
Indra, Fincantieri, Finmeccanica, Denel, Paramount, e Elbit Systems.
A brasileira CBC, uma das maiores fabricantes de munição
do mundo, fornecendo para mais de 70 países inclusive do bloco
da OTAN, atendendo requisitos do EB está iniciando a produção
de munição calibre 30 mm para os canhões do blindado
Guarani e calibre 105 mm utilizadas pelos carros de combate Leopard
1A5. A Imbel confirmou a encomenda do primeiro lote de 12.000 unidades
de seu fuzil de assalto modelo IA2 calibre 5,56 mm para o EB, que o
selecionou para ser a arma padrão do infante brasileiro, vindo
a substituir no longo prazo todos os eficientes mas antigos fuzis FAL
calibre 7,62 mm. Na área externa três equipamentos se destacavam:
um exemplar do helicóptero H-36 Caracal da FAB, customizado para
missões C-SAR, equipado com sonda para reabastecimento em voo
(primeira aeronave brasileira a contar com este equipamento), plataforma
giroestabilizada com sensores da FLIR montada no nariz da aeronave,
alertas laterais RWR e dispensadores de chaff / flares; a bateria de
lançadores de foguetes de saturação de área
ASTROS CFN 2020 dos Fuzileiros Navais recentemente incorporada; e o
impressionante VANT de reconhecimento e vigilância a grandes altitudes
e longas distâncias modelo Hermes
900 da israelense Elbit Systems, designado na FAB como RQ-900 e
com a matrícula nº 7810, que se junta aos quatro Hermes
450 (RQ-450) na dotação do 1º/12º GAv Esquadrão
Horus, sediado na Base Aérea de Santa Maria. Como citei no início,
foram quase 700 expositores, distribuídos em três pavilhões
e na área externa, muita coisa para se ver, muitas informações
colhidas e pouco espaço para descrevê-las. Mas de novo
comparecemos e procuramos neste artigo repassar um pouco de nossa experiência
na LAAD 2015, num compromisso iniciado há doze anos. Portanto,
missão cumprida!