O Brasil e o Conselho de Segurança da ONU

Soldados brasileiros em Angola Em fevereiro de 1945 os principais líderes aliados se reuniram na região da Criméia, no que ficou conhecida como a Conferência de Yalta. Ali, Franklin Delano Roosevelt, presidente do Estados Unidos, Josef Stalin, líder da União Soviética e o primeiro-ministro da Grã-Bretanha Winston Churchill, debateram durante onze dias estratégias para por fim a um conflito que já durava cinco anos e o mais importante, qual seria a área de influência de cada um desses países no pós-guerra. Também decidiram fundar "uma organização geral internacional para salvaguarda da paz e da segurança" em substituição à combalida Liga das Nações. Assim nasceria a ONU, Organização das Nações Unidas e em seu âmbito, o Conselho de Segurança, composto por quinze membros, sendo cinco permanentes (EUA, Rússia, Grã-Bretanha, China e França) e dez eleitos pela Assembléia Geral para um período de dois anos.

Medidas como bloqueios econômicos ou intervencões militares em países que ameacem a paz internacional, exigem o voto favorável de nove membros, incluindo a unanimidade dos cinco efetivos, bastando um voto negativo destes para vetar as sanções. Isto se mantém imutável há 55 anos. E o Brasil, que a partir de janeiro de 2004 ocupará uma cadeira no Conselho por dois anos, reinvindica sua ampliação e um assento permanente para ele e para outras nações com crescente destaque no cenário mundial como Alemanha, Índia, Japão e talvez África do Sul. Claro que os cinco grandes são contra qualquer mudança, mas diante da fragilidade da ONU que não conseguiu impedir a invasão do Iraque e das crescentes ameaças à ordem mundial em vários continentes, a pressão para uma revisão do papel da Organização está insustentável.

Brigada de Infantaria Aeromóvel O Brasil busca apoio entre países ricos e pobres, colocando-se como uma liderança alternativa, inclusive patrocinando a criação do G-21, grupo das vinte e uma maiores nações em desenvolvimento. Mas para sentar na mesa do Conselho como membro permanente e poder influir nas decisões, não basta apenas vontade.

São necessários alguns pré-requisitos: 1) ter uma diplomacia atuante e execer uma liderança firme e convincente, pelo menos na América Latina; 2) vencer a resistência de outros países (México, Paquistão, Espanha) que também são candidatos ao mesmo posto, pois não haverá lugar para todos; 3) poder contar com Forças Armadas bem treinadas e equipadas, prontas a intervir em qualquer parte do mundo; 4) recursos financeiros, para quitar contribuições atrasadas com a ONU e para enviar e manter nossas tropas no exterior; e 5) criar uma força de intervenção rápida, profissional, com equipamentos e veículos de combate transportáveis nos C-130 Hércules da FAB (a Brigada de Infantaria Leve Aeromóvel poderia ser o núcleo dessa força), com meios navais e aéreos adequados para apoiá-la além de nossas fronteiras. Já participamos de operações de manutenção da paz na República Dominicana, no Canal de Suez, em Angola, em Moçambique e mais recentemente em Timor Leste, por sinal com muita eficiência, porém sempre como coadjuvantes das grandes potências. Para sermos protagonistas será preciso mais do que desejar. Teremos que agir.





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