O Brasil é constituído por diversas macro-regiões
com climas e geografia específicos, bem distintos entre si, e entre
estas destaca-se o sertão nordestino que compreende cerca de 10%
de nosso território com clima semi-árido e vegetação
denominada Caatinga. Este nome origina-se das palavras indígenas
"caa" (mata) e "tinga" (branca) devido aos tons cinza
e verde do ambiente, com vegetação rasteira, arbustos espinhosos
e muitos cactos em um bioma exclusivamente brasileiro. Ciente da necessidade
de contar com uma tropa especializada para operar nesta região,
o Exército Brasileiro
(EB) criou o 72º Batalhão de Infantaria Motorizado (72º
BIMtz), localizado na cidade de Petrolina(PE), no vale do rio São
Francisco, em cujas instalações encontra-se ainda o Centro
de Instrução de Operações na Caatinga, com
a missão de estudar, planejar e desenvolver uma doutrina operacional
específica para este ambiente.
Entre
os cursos ministrados estão o Estágio Básico de Combatente
de Caatinga, com duração de uma semana, Estágio Avançado
de Combatente de Caatinga, com duração de duas semanas e
o Estágio de Caçador de Caatinga, com duração
também de duas semanas, onde o militar recebe treinamento nas seguintes
disciplinas: Características do Ambiente Operacional de Caatinga;
Primeiros Socorros; Técnicas Especiais; Topografia; Marchas e Acampamento;
Comunicações; Emprego Tático em Operações
na Caatinga; Treinamento Físico e Exercício de Desenvolvimento
da Liderança.
A área onde se desenvolvem as operações do combatente
de Caatinga é certamente uma das mais inóspitas do mundo,
composta de uma vegetação agressiva, solo pedregoso, escassez
de água e com calor escaldante, exigindo um uniforme que possibilite
uma proteção mais eficiente do que os normalmente utilizados
pelo EB, mais reforçado, feito de material mais resistente para
permitir o deslocamento no interior da caatinga sem comprometer a integridade
física da tropa, além de proporcionar alguma camuflagem.
Inspirado na indumentária do sertanejo, o uniforme
é confeccionado em brim na cor cáqui e com aplicação
de couro especial nas partes que são mais atingidas pelos espinhos
ou galhos secos. A protetor para a cabeça também é
feito de brim, com pala dobrável e extensão para proteger
a nuca, mostrando-se mais adequado do que o capacete de kevlar que concentra
grande quantidade de calor, além de provocar ruídos em contato
com os arbustos e refletir a luz, comprometendo a ocultação
do combatente. O coturno é o tradicional com cano de couro, mais
resistente do que o do tipo selva com a parte superior de lona.
A
experiência mostrou a necessidade de se utilizar também óculos
de acrílico e luvas de couro que protegem o dorso e a palma da
mão mas permitem o livre movimento dos dedos. O armamento empregado
é o padrão do Exército Brasileiro, como o fuzil Imbel
IA2, calibre 5.56 mm, a pistola Imbel M973, calibre 9 mm,
a arma anti-tanque Carl Gustav
M3, calibre 84 mm e a metralhadora FN MAG, calibre 7.62 mm.
Em 1993, o 72° BIMtz passou à condição de Unidade
de Pronto Emprego, permitindo resposta imediata em situações
de conflito, sendo a única unidade no Brasil apta a operar no ambiente
de Caatinga.
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