Histórico |
A
intenção de Saddam Hussein de a longo prazo controlar as
reservas petrolíferas da Península Arábica levou-o
a invadir o Kuwait, em 2 de agosto de 1990, numa ação coordenada,
iniciada pelo avanço de duas divisões blindadas iraquianas
através da fronteira, ataques executados por forças de assalto
especiais na capital kuwaitiana, por unidades anfíbias e por helicópteros.
Apesar de alguns focos de resistência, os bravos kuwaitianos foram
facilmente sobrepujados pela investida furiosa da Guarda Republicana de
Saddam. A seguir outras divisões foram enviadas para garantir a
ocupação do país vizinho. A preocupação
com a possibilidade de que o Iraque viesse a dominar as principais reservas
de petróleo do mundo, inclusive invadindo outros países
da região, levaram os Estados Unidos a preparar uma resposta armada,
com apoio da ONU e aliados como Grã-Bretanha, França, Egito
e Arábia Saudita. As tropas iraquianas então começaram
a reforçar suas defesas, cavando profundos fossos anti-tanques,
campos minados, trincheiras e extensas cercas de arame farpado nos acessos
ao Kuwait. Em novembro de 1990 haviam 430.000 soldados e 4.000 tanques
iraquianos naquele teatro de operações. Os americanos, por
outro lado, haviam reunido a mais poderosa força militar desde
a invasão da Normandia,
no dia D em junho de 1944, para por em andamento o plano de liberação
do Kuwait, a Operação Tempestade do Deserto. A batalha começou
com intensos bombardeios a alvos estratégicos cuidadosamente escolhidos
no Iraque, em 16 de janeiro de 1991, utilizando-se das mais sofisticadas
armas do arsenal americano, como bombas guiadas a laser (LGB), mísseis
de cruzeiro Tomahawk (290 mísseis disparados com 242 acertos)
e os caças F-117 Night
Hawk (stealth), com o intuito de quebrar a cadeia de comando dos iraquianos,
destruir centros de comunicação (17 destruídos de
um total de 26), usinas elétricas ( 50% ficaram inoperantes), pontes,
bases aéreas (pistas inutilizadas e 70 abrigos aniquilados), lançadores
de mísseis Scud e as baterias de mísseis anti-aéreos.
No final de janeiro, os aliados tinham o controle incontestável
do espaço aéreo e do mar e haviam cortado boa parte das
linhas de suprimento das tropas iraquianas de ocupação.
Esperando um ataque anfíbio em grande escala, o Exército
iraquiano concentrou suas forças junto ao litoral, deixando as
tropas da Guarda Republicana na retaguarda. A estratégia dos Aliados,
no entanto, consistia em criar tantas frentes de penetração
que o inimigo não saberia de onde viria o ataque principal, até
ser tarde demais para reagir. Desviando-se dos pontos fortificados dos
iraquianos, atacando pelos flancos para isolar o adversário, as
tropas aliadas, iniciaram a grande ofensiva em 24 de fevereiro de 1991,
com as Forças Árabes e os Marines
á esquerda da linha de frente, a 1a.Div.Cavalaria, o 7° Corpo
de Exército, o 3° Regimento Blindado, a 24a. Div.Infantaria
e as 82a. e a 101a. Div.Aerotransportadas à direita. A cidade de
As Salman, defendida pela 45a. Div.Inf.iraquiana, foi liberada numa atuação
fulminante de tropas francesas e americanas (82a.), com apoio de helicópteros
de ataque e tanques, fazendo 2.900 prisioneiros. Os marines da 1a.Divisão
conseguiram dominar a área dos campos petrolíferos de Burgan,
apesar dos tanques T-72 iraquianos
e do ar empregnado de petróleo dos poços incendiados pelo
inimigo. No
setor do 7° Corpo, britânicos e americanos avançaram
pelas brechas da linha defensiva, conhecida como Linha Saddam, e em Busayya
enfrentaram a 12a.Div.Blindada iraquiana, destruindo 200 tanques, 100
veículos blindados, 100 peças de artilharia e fazendo 5.000
prisioneiros. O clímax da guerra viria ao longo da chamada linha
73 norte-sul, onde de 26 a 28 de fevereiro, o 7° Corpo dizimou a Guarda
Republicana, tropa de elite que apesar dos intensos ataques aéreos
ainda tinha 75% de seu poderio intacto. Percebendo a derrota próxima,
Saddam ordenou que as tropas que restavam no Kuwait batessem em retirada,
mas foram emboscados ao longo da rodovia que leva a Basra, numa ação
em que durante horas os pilotos aliados destruiram centenas de veículos
com uma precisão devastadora. O local ficou conhecido como "Rodovia
para o Inferno". No início de março de 1991, americanos
e iraquianos se reuniram em Safwan, um lugar isolado no meio do deserto,
para discutir os termos da rendição do Iraque. |