AGM-154 JSOW - Estados Unidos
A AGM-154 (Joint Standoff Weapon - JSOW) é uma bomba planadora que resultou de um projeto conjunto entre a Marinha (US Navy) e a Força Aérea (US Air Force) dos Estados Unidos para desenvolver uma arma guiada de precisão de médio alcance padronizada, especialmente para engajamento de objetivos à longa distância de possíveis defesas antiaéreas, aumentando assim a capacidade de sobrevivência das aeronaves e minimizando as perdas aliadas. Na classe de 1.000 lb (450 kg), com cerca de 4 metros de comprimento, visa fornecer uma arma ar-superfície de baixo custo, altamente letal, guiada e que planeia até o alvo, podendo ser lançada em baixa altitude de 25 km ou em alta altitude de até 110 km. Pode ser usada contra uma variedade de alvos terrestres e marítimos e opera em distâncias além das defesas inimigas, como aeronaves estacionadas, caminhões, veículos blindados de transporte de pessoal (APC) e sítios de mísseis terra-ar (SAM). Antes do lançamento, a bomba recebe os dados de navegação por meio de uma série de waypoints pré-designados ou de um ponto marcado por meio de um pod de reconhecimento. Após liberado, planeia até o seu objetivo indicado usando duas asas que se projetam para aumentar a sustentação e libera as submunições em um padrão curto e aproximadamente linear. É uma arma do tipo "dispare e esqueça" que emprega um sistema de orientação por GPS (Global Positioning System) / INS (Inercial Navigation System), o que a torna capaz de realizar operações diurnas ou noturnas e em condições climáticas adversas. O JSOW-C adiciona um buscador infravermelho para orientação na fase terminal do voo. Antes de serem lançadas recebem dados do Sistema de Planejamento de Missão Automatizado Tático (TAMPS) da Marinha ou Sistema de Apoio à Missão da Força Aérea (AFMSS). As comunicações entre aeronaves e armas são feitas por meio da interface MIL-STD-1760, tornando possível a programação/direcionamento em voo, bem como o carregamento de dados pré-voo.Originalmente, a JSOW foi desenvolvida pela divisão Defense Systems & Electronics da Texas Instruments, com o primeiro voo em abril de 91, porém a empresa vendeu sua vendeu sua divisão de defesa para a Raytheon em janeiro de 1997. Ainda neste ano, em fevereiro, a Marinha iniciou a Avaliação Operacional (OPEVAL), sendo entregue ao serviço operacional dois anos depois. Os testes iniciais de implantação ocorreram a bordo do porta-aviões USS Nimitz e mais tarde a bordo do USS Dwight D. Eisenhower. Durante a década de 1990, a JSOW foi considerada um dos programas de desenvolvimento de maior sucesso na história do Departamento de Defesa (DOD) americano, recebendo o prêmio Laurels da Aviation Week & Space Technology em 1996. É notável que uma arma guiada receba este prêmio, que normalmente é reservado para sistemas muito maiores e mais sofisticados, sendo inclusive usado como estudo de caso para programas de desenvolvimento e para equipes de produtos integrados. Muitos observadores creditaram essas conquistas ao estilo de gestão escolhido pelo DOD e pela Texas Instruments. A JSOW possui diversas variantes: AGM-154A cuja ogiva consiste em 145 submunições BLU-97/B. Essas bombas têm uma carga moldada para perfurar blindagens, um estojo de fragmentação para destruição de material e um anel de zircônio para efeitos incendiários; AGM-154B (anti-blindagem), com ogiva de seis submunições BLU-108/B do programa Sensor Fuzed Weapon (SFW) da Força Aérea, cada submunição lança quatro projéteis (total de 24 por arma) que utilizam sensores infravermelhos para detectar alvos; e AGM-154C que carrega a ogiva BROACH (Bomb Royal Ordnance Augmented Charge), de dois estágios de 225 kg, sendo que a primeira uma carga abre uma passagem através de blindagens, concreto ou terra, permitindo que uma ogiva seguinte maior penetre no alvo e exploda. Foi projetada para destruir alvos rígidos como bunkers ou hangares subterrâneos, que antes só era possível com o uso de bombas gravitacionais guiadas por laser. Usa um buscador por de imagem infravermelha (IIR) com orientação autônoma. Entrou em serviço na Marinha fevereiro de 2005. A produção plena começou em 29 de dezembro de 1999. Em junho de 2000, a Raytheon foi contratada para desenvolver um pacote eletrônico aprimorado para evitar interferência nos sinais de GPS, resultando na variante JSOW Block II, incorporando múltiplas iniciativas de redução de custos. Como possui uma interface modular que permite melhorias futuras e configurações adicionais, é provável que surjam novas variantes. A Raytheon fez um grande investimento no programa JSOW e certamente receberá novos contratos do Departamento de Defesa, com os aprimoramentos desenvolvidos. Entre estes podemos citar: AGM-154C-1 (JSOW Block III ou JSOW-C1) que alcançou a Capacidade Operacional Inicial (IOC) em 2016 e adquirida pela Marinha; AGM-154A-1 (JSOW-A1) versão que substitui a carga útil de submunições por uma ogiva BLU-111 para aumentar os efeitos de fragmentação na explosão sem as preocupações com munições não detonadas; JSOW-ER (Extended Range), que seria equipado com um motor turbojato Pratt & Whitney TJ-150, permitindo aumentar seu alcance de 130 para 560 km, mas o projeto não foi cancelado, pois a Marinha optou por adquirir mísseis de cruzeiro JASSM-ER da Lockheed Martin. A AGM-154A JSOW foi usada em combate pela primeira vez em ataques contra sítios de defesa antiaérea no Iraque, durante a "Operação Desert Fox" em janeiro de 1998. Três delas foram lançadas por caças F/A-18C Hornet da Marinha, do esquadrão VMFA-312 embarcado no USS Enterprise contra aqueles alvos, dispersando 145 submunições (bombas BLU-97) em uma área do tamanho de um campo de futebol. Durante a "Operação Allied Force", no Kosovo, JSOWs foram usadas contra radares de defesa aérea, blindados e artilharia com resultados impressionantes, alcançou uma taxa de sucesso de 100 por cento, com cada uma das armas lançadas atingindo seus alvos dentro da precisão prevista. Desde 1998, pelo menos 400 JSOW foram usadas nos seguintes conflitos além do acima citado: "Operação Southern Watch", "Operação Allied Force", "Operação Enduring Freedom", "Operação Iraqi Freedom" e "Operação Desert Fox". Até outubro de 2002, mais de 1.000 JSOWs já haviam sido fabricadas. Os planos previam que o Pentágono comprasse mais 14.000 até 2007. A arma é empregada a partir de aeronaves baseadas em solo ou em porta-aviões: F/A-18C/D e E/F Hornet; F-16C/D Falcon; F-15E Eagle; B-1B Lancer; B-52 Stratofortress; F-35 Lightning II e F-22 Raptor. Devido aos seus sucessivos êxitos em combate, a JSOW foi adquirida por várias Forças Armadas ao redor do planeta, estando atualmente operacional nos seguinte países: Estados Unidos, Austrália, Canadá, Finlândia, Grécia, Marrocos, Holanda, Polônia, Catar, Arábia Saudita, Singapura, Taiwan, Turquia e Emirados Árabes.
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