Soldado Gurkha

Atuação: Guerra das Malvinas - 1982


Um traço marcante da herança colonial é o fato do Exército britânico poder contar com batalhões de fuzileiros gurkhas, constituído basicamente de nativos das montanhas do Nepal, em suas fileiras. O primeiro contato dos britânicos com os gurkhas foi na condição de inimigos, que passaram a se respeitar mutuamente. Mas ao final do século XIX estes guerreiros já formavam unidades respeitadas nas Forças Armadas inglesas.

Nas duas guerras mundiais os nepaleses puseram à disposição da Inglaterra dez regimentos (vinte batalhões) e ganharam a reputação de uma força de infantaria arrojada, atuando em Gallipoli, na Mesopotâmia e na Palestina em 1914-1918; nos desertos da África, na Itália e na Birmânia em 1939-1945. Depois de 1945, apesar das glórias conquistadas nos campos de batalha, o futuro dos gurkhas parecia incerto. Seis regimentos foram enviados para a Índia, após a independência do país em 1947, e os outros quatro permaneceram a serviço de Sua Majestade, sendo enviados para a Malásia, sua nova base, onde logo estariam atuando na repressão ao levante comunista.

Suas técnicas aprimoradas de combate na selva foram postas em prática novamente no conflito em Bornéu, em 1966, impedindo a expansão do domínio indonésio sobre a ilha, o que lhes valeu a Cruz da Vitória, por sua atuação na campanha. Em 1982 os gurkhas voltaram a entrar em ação, quando seu 7° Regimento foi anexado à força-tarefa encarregada de retomar as ilhas Malvinas, em poder dos argentinos.

Eram escalados para missões de patrulha e reconhecimento, mas tiveram participação decisiva na tomada do monte Wiliams na parte final da batalha para assegurar a capital Port Stanley. Apesar do fim do império, os gurkhas continuam ligados ao cenário militar britânico, como combatentes e como soldados cerimoniais eventualmente ocupando um lugar junto à guarda do Palácio de Buckingham, em Londres.

Veterano de combates em áreas tropicais, este gurkha usa calça e camisa verde-folha e o equipamento padrão britânico de 1944. O emblema de pano da companhia, preso à frente e atrás do quepe, serve como identificação, evitando que os fuzileiros atirem em seus próprios companheiros quando em patrulhas por matas espessas. A tela anti-inseto é usada como cachecol. Outra característica de um combatente dos trópicos são os coturnos de borracha e lona para operações na selva. De estatura geralmente menor que os demais soldados britânicos, os gurkhas preferem o fuzil leve americano M-16, de 5.56 mm. Inseparável é a faca de combate kukri, em curva e tradicional de seu povo, que eles tornaram mundialmente famosa, por sua destreza em manuseá-la.



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