Em
20 de agosto de 1940, Lev Davidovich Bronstein, ou Trotsky, um dos líderes
da revolução bolchevista, foi assassinado em sua casa
no exílio, na capital do México, por um homem que alegava
ter agido por conta própria. Porém os familiares de Trotsky
não tinham dúvidas de que o atentado fora planejado pela
temível KGB (Comitê para Segurança do Estado), que
por ironia do destino ele havia ajudado a organizar, juntamente com
Lenin, em 1917, com a missão de capturar, encarcerar ou "liquidar"
todos os inimigos do Estado. Com o passar dos anos, a KGB transformou-se
em um monstro de imenso poder, operando com a ajuda de um exército
de informantes, espiões e agentes que atuavam dentro ou fora
do país. Em seu auge controlou os 300.000 soldados da Guarda
de Fronteiras, equipados com blindados, barcos e aviões, constituíndo
uma força independente em relação ao exército,
força aérea e marinha soviéticos.
Dispunha
de departamentos especializados como a I Direção Geral
(Inteligência Estrangeira, a V Direção Geral (Polícia
Ideológica), a XII Direção Geral (Vigilância
Eletrônica) e outras seções relacionadas às
funções repressoras da polícia estatal. Em 1991,
com 750.000 membros (10 vezes maior que todo o aparato de segurança
interna dos EUA) e com ramificações em todos os estados
satélites, criou-se uma rede que podia detectar e sufocar de
imediato qualquer dissidência surgida na área de influência
soviética. Recrutados sob ameaças e subornos, muitos de
seus informantes e agentes agiam em um clima de medo e paranóia,
como as senhoras (uma por andar) que tomavam conta de seus vizinhos
nos blocos de apartamentos nas grandes cidades. Era comum a KGB contratar
mulheres que eram instruídas a seduzir estrangeiros, como adidos
militares ou funcionários das embaixadas, para obter deles informações
sigilosas, em encontros nos apartamentos ou quartos previamente equipados
com camêras e gravadores escondidos, especialmente preparados
para a operação.
Até
mesmo as organizações ocidentais de segurança,
incluindo a CIA e o
MI-6 britânico, foram vítimas das espetaculares estratégias
de contra-espionagem da agência soviética. Muitos de seus
inimigos eram mortos com o uso de venenos elaborados no sinistro Lab
X, um laboratório toxicológico secreto localizado próximo
a Lubyanka, lugar no qual foram realizadas execuções por
ordem da KGB, com toxinas que eram testadas em presos condenados à
morte. Seus técnicos criaram uma série de armas e equipamentos
de espionagem exóticos tais como o revólver miniatura
de 4,5 mm na forma de batom, caixas de cigarros com frascos de ácido
que explodiam no rosto da vítima, canetas e botões com
microfones de longo alcance ou facas e pistolas pequenas escondidas
em sapatos e luvas. No
dia 19 de agosto de 1991, a KGB organizou um golpe de estado contra
o presidente Mijail Gorbachov, retirando-o de sua residência de
veraneio sob o pretexto de que ele estava doente, entregando o poder
a si mesma e ao Exército. Mas o golpe fracassou, seus líderes
foram presos e em dezembro a União Soviética foi oficialmente
dissolvida e a KGB desmantelada. Porém os seus antigos conselheiros
mudaram de nome, mas continuam fazendo o mesmo trabalho e os documentos
secretos da agência foram transferidos para distantes bases militares.
Mesmo nesses novos tempos parece improvável que os governantes
russos tenham abandonado completamente uma rede de inteligência
tão poderosa e respeitada.