Enigma

Como os ingleses conseguiram desvendar um dos maiores segredos de Hitler.



Enigma a fantástica máquina de códigos alemã Uma urgente e secreta reunião é convocada pelo chefe do Serviço Secreto polonês para o dia 16 de junho de 1939. Temendo a invasão alemã, ele queria dividir com os aliados, a Inglaterra e a França, um segredo cuidadosamente guardado: uma versão atualizada da máquina criptográfica "Enigma", que os alemães usarão na guerra, desvendada pelos criptoanalistas poloneses, os melhores da Europa na época. Criada no início da década de 20, para dificultar a espionagem industrial, a Enigma era uma espécie de máquina de escrever, com três rodas dentadas (rotores) misturadoras de letras, que ajustadas pelo operador, tornavam as mensagens ininteligíveis, pois cada palavra codificada gerava milhões de combinações. Os militares alemães decidem empregá-la em suas forças armadas, considerando-a inviolável.

Com a eclosão da guerra, o governo britânico resolve organizar uma força-tarefa para desvendar os mistérios da máquina, reunindo um grupo de brilhantes cientistas e matemáticos em uma mansão a 80 km de Londres, na denominada Operação Ultra. Lá são criadas grandes máquinas, precursoras dos modernos computadores, capazes de executar complicados cálculos, na tentativa de decifrar o algoritimo de criptografação da Enigma. Em um esforço sobre-humano os códigos usados pela Luftwaffe são quebrados às vésperas de pesados ataques à Inglaterra, permitindo saber todos planos do inimigo e possibilitando à RAF maximizar o uso de seus poucos caças na defesa dos céus ingleses. Diversas surtidas de bombardeiros alemãs são sistematicamente rechaçadas graças aos magos da Ultra e após pesadas perdas da Luftwaffe (1.733 aviões abatidos), Hitler desiste de invadir a Inglaterra e transfere suas tropas para o Leste, numa luta inglória contra os russos.

A Marinha alemã mantinha contato com seus submarinos, os U-Boat, através da Enigma com novos códigos e rotores trocados a cada mês, que os gênios ingleses não estavam conseguindo decodificar. Os U-Boat, sozinhos ou em grupos, estavam causando enormes prejuízos ao esforço aliado, atacando os comboios que cruzavam o Mar do Norte e o Báltico, afundando milhões de toneladas em navios mercantes e suprimentos. O Serviço Secreto inglês resolve capturar uma Enigma com seu livro de códigos: em 9 de maio de 1941, o submarino alemão U-110 é avariado pela Royal Navy, sendo obrigado a emergir e assim os britânicos conseguem seu intento. A máquina com os manuais de operação são enviados rapidamente para a Ultra, e de julho a dezembro daquele ano, as mensagens para os submarinos são decifradas em poucas horas, fazendo com que os comboios deles se afastassem e que os navios e aeronaves da Royal Navy pudessem atacá-los e destruí-los. Verificando um grande aumento nas perdas de submarinos e desconfiados que seus códigos haviam sido violados, os alemães resolvem colocar um rotor adicional na Enigma e logo seus navios já estavam equipados com os modelos de 4 rotores, incapacitando de novo os cientistas da Ultra de lerem suas mensagens e quadruplicando a perda de mercantes nos comboios.

Porém em outubro de 1942, o U-559 é danificado por mais de 280 cargas de profundidade de quatro contratorpedeiros em patrulha no Mediterrâneo e ao abordá-lo os ingleses apreendem uma Enigma de 4 rotores intacta, com as intruções para decifrar seus códigos. Isto possibilitou a antecipação e o sucesso das operações de desembarque Torch (Norte da África), Husky (Sicília), Avalanche (Itália) e Overlord (Normandia) e das campanhas seguintes para as conquistas da França, da Itália e da Alemanha. A inestimável ajuda dos criptoanalistas da Ultra, com seu trabalho incessante, encurtou a guerra e poupou incontáveis vidas, em todos os teatros de operação em que a Enigma foi utilizada.





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