Desaparecidos em combate

O governo americano teria abandonado seus soldados capturados no Vietnã?



As Forças Armadas dos Estados Unidos jamais abandonam seus homens, aprisionados, feridos ou mortos em combate, em território inimigo. Mas a recente notícia de que um piloto americano ainda estaria preso no Iraque desde a Guerra do Golfo e as estórias contadas por veteranos do Vietnã mostram que isso nem sempre é verdade:

Os Estados Unidos entraram na guerra por causa de um incidente no Golfo de Tonkin, em julho de 1964, alegando que o navio USS Maddox fora atacado por canhões vietnamitas. Oficialmente, os combates limitavam-se ao Vietnã, mas suas tropas também lutaram, secretamente, no Laos e no Camboja. Os americanos falsificaram o número de baixas em ambos os lados para que o Congresso continuasse financiando o conflito. Os veteranos da guerra acreditam que muitos de seus companheiros que aparecem nas listas de mortos em combate continuam como prisioneiros.

A National Security Agency (NSA) interceptou mensagens de militares vietnamitas e descobriu que a maioria dos capturados era levada para campos próximos a Hanói (um desses campos, conhecido como "Hanói Hilton" era famoso por suas duras condições), mas os que tinham conhecimentos específicos ou tinham participado do programa espacial, foram enviados para a ex-União Soviética. Muitos executavam trabalhos forçados em instalações importantes e jamais seriam libertados porque sabiam demais. Durante todo o conflito os americanos tentaram trocar prisioneiros por elevadas somas em dinheiro, mas os vietnamitas, sabendo do trunfo que tinham em suas mãos, simplesmente ignoravam essas propostas. Já haviam derrotado os franceses em 1954 e os soldados capturados só foram devolvidos, ano após ano, com o pagamento de milhões de dólares por parte do governo da França, sendo que o último homem retornou do Vietnã somente em 1976.

O Acordo de Paz de Paris, em janeiro de 1973, pôs fim à intervenção americana e incluía a troca de prisioneiros, mas a lista apresentada pelo Vietnã do Norte continha menos da metade dos nomes esperados. Os 600 homens capturados no Laos também não foram relacionados, nem os que lutaram no Camboja. Essa tropas trabalhavam sozinhas, em incursões secretas, sem nenhuma possibilidade de receberem apoio se fossem capturadas (setenta e seis desses soldados continuam desaparecidos) e como oficialmente os EUA não haviam atacado aqueles países, não pode apresentar queixa. Mas continuou pressionando o governo vietnamita, que ao libertar os reféns norte-americanos os alimentava com uma dieta especial para que ficassem com boa aparência, não revelando ao mundo os maus tratos que haviam sofrido no cativeiro.

Em janeiro de 1977, o presidente Jimmy Carter declarou como mortos os desaparecidos, para cicatrizar as feridas da guerra e tentar restabelecer relações diplomáticas com o Vietnã do Norte. Porém, nos anos seguintes, alguns desses homens conseguiram escapar e informaram que ainda haviam muitos norte-americanos cativos naquela região do sudeste asiático.





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