O Programa FX e a Força Aérea que pretendemos para o século XXI

Por interessar-me pelos assuntos ligados à área militar desde a adolescência e mais recentemente pela aviação de combate em particular, é para mim muito gratificante poder acompanhar, passo a passo, a concorrência que a FAB abriu em 1º de agosto passado, para a escolha do futuro caça de superioridade aérea, que substituirá os Mirage III, na Base Aérea de Anápolis(GO) e a médio prazo os F-5E Tiger II, das Bases de Santa Cruz(RJ) e Canoas(RS). Digo isto porque a última renovação dos meios aéreos da FAB ocorreu no início dos anos 70 e nesta época não tinha idade suficiente (é verdade!) para entender o fato. O Programa FX, apesar de ser o mais importante não é o único, estando inserido no Programa de Fortalecimento do Controle do Espaço Aéreo Brasileiro-PFCAB, que engloba verbas em torno de US$ 3,3 bilhões em oito anos, para o reaparelhamento da FAB, contemplando a modernização dos caças leves A-1 (AMX) e dos F-5E Tiger, a substituição dos aviões médios de transporte Búfalo C-115 e complementação da dotação dos Hércules C-130 (programa CX), a compra e atualização dos sistemas dos aviões de patrulha P-3 Orion (programa PX) e a compra dos Super Tucanos (ALX) a serem usados no apoio armado ao Sistema de Vigilância da Amazônia - SIVAM. Como vemos, trata-se de uma verdadeira "revolução" e um "up grade" tecnológico para nossa Força Aérea.

Os fabricantes interessados no FX entregaram suas propostas em 16 de outubro e são cinco ao todo: Embraer / Dassault com uma versão nacional do Mirage 2000-5 Mk2, as russas Rac-MIG com o Mig-29 e a Knaapo com o Su-27, o consórcio sueco-britânico Saab / Bae Systems com o JAS-39 Gripen e a americana Lockheed Martin com o F-16 C Block 52. A FAB pretende adquirir de 12 a 24 caças, no valor total de US$ 700 milhões e o vencedor terá que repassar a tecnologia de fabricação e acesso a todos os softwares da aeronave. No dia 7 de dezembro a FAB anunciou que todos os concorrentes estão aptos a participarem da segunda fase, até março de 2002, onde serão detalhados os itens técnicos e comerciais de cada uma das propostas. Assim espera-se que em abril de 2002, o Presidente da República e o Conselho de Defesa Nacional anunciem o vencedor, para assinatura do contrato de aquisição em junho do mesmo ano e as entregas a partir de 2004.


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Mirage 2000-5 Mk2                                                                       JAS-39 Gripen

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SU-35 Flanker                                                                          F-16 C Falcon

A FAB tem conduzido o processo de forma exemplar e transparente, mas as pressões políticas e econômicas são grandes. Temo que ao final, ao invés de escolhermos o equipamento que melhor se enquadra nos requisitos da Aeronáutica, optemos por um que agrade a este ou aquele governo (americano, sueco, britânico, russo ou francês) ou a este ou aquele fabricante, mesmo que seja um avião ultrapassado ou inadequado para operar em território nacional. Não podemos aceitar ingerências estranhas neste processo porque não se brinca com a defesa de um país, nem tão pouco com as vidas de nossos pilotos que dependerão desses aviões para enfrentar as ameaças que atentem contra nossa soberania. Somos uma nação pacífica e sem inimigos potenciais, mas temos riquezas minerais em abundância, a maior reserva de água potável do planeta e a exuberância da fauna e da flora da Amazônia. Isto gera a cobiça num mundo onde estes recursos estão se exaurindo rapidamente e devemos estar preparados para defendê-los. Portanto, espero que prevaleça o bom senso e a aeronave vencedora sirva como um patamar para que no futuro possamos ter um caça genuinamente brasileiro.




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