Operação Haiti

Capacetes azuis do BrasilO contingente brasileiro que participará da missão das Nações Unidas para a estabilização do Haiti (MINUSTAH) será de 1.200 efetivos: 950 soldados do Exército, a maioria do 19º BIMtz de São Leopoldo(RS) especializado em operações de manutenção da paz e 250 Fuzileiros Navais, todos com suas armas e equipamentos de uso pessoal. Serão enviados cerca de 150 veículos, entre caminhões Mercedes e Unimog, jipes Land Rover, ambulâncias, diversas viaturas específicas e 12 blindados anfíbios E-11 Urutu. O transporte até o Caribe será feito por navios da Marinha e aviões C-130 Hércules da FAB, e a previsão é que o efetivo completo estará no Haiti até o dia 18 de junho. É o maior deslocamento de tropas brasileiras ao exterior desde a Segunda Guerra Mundial. Não é a primeira, nem provavelmente será a última participação do Brasil em missões deste tipo.

De 1947 para cá foram mais de 20 atuações em quatro continentes e hoje mantemos mais de uma centena de militares atuando como mediadores, observadores ou provendo segurança em áreas conflagradas. Aliás estas missões tenderão a ocorrer em uma frequência cada vez maior, com maiores efetivos e grau de importância, caso o país consiga mesmo um assento como membro permanente do Conselho de Segurança da ONU. A preparação da missão atual exigiu um enorme esforço de todos os setores envolvidos, em que pese as severas restrições orçamentárias de nossas Forças Armadas, demonstrando o profissionalismo e a dedicação de seus homens. Logística, manutenção, planejamento, inteligência e treinamentos específicos perfeitos, possibilitaram mobilizar a tropa com suas equipagens e colocá-las operacionais em menos de dois meses.

O presidente Lula passa em revista a tropa, antes do embarque dos nossos capacetes azuis para o HaitiA convite da ONU, o comando da força multinacional no Haiti, de cerca de 6.000 homens de várias nacionalidades, será exercido pelo Brasil, o que se vislumbra como uma boa oportunidade para mostrar que estamos preparados para exercê-lo e atuar de forma decisiva como mediadores em conflitos internacionais. A natureza desta missão difere um pouco da atuação brasileira em Timor Leste, Moçambique ou Angola. O fator risco é maior, pois ainda existem muitas milícias armadas, pró ou contra o presidente deposto Jean-Bertrand Aristide, espalhadas pelos bairros e arredores da capital Porto Príncipe, promovendo manifestações e espalhando o terror entre a população local. A barreira da língua (fala-se o francês e o dialeto creole) será outro dificultador, exigindo a confecção de um pequeno manual com as palavras mais usuais e frases necessárias às operações.

País mais pobre da América Latina, o Haiti sofre há muito com a miséria, péssimas condições de saneamento básico (poucos têm água encanada e esgoto tratado) e doenças endêmicas, o que obrigou nossos soldados a tomarem sete tipos diferentes de vacinas. Mas todos que participarão da missão são voluntários, que têm consciência dos riscos inerentes à operação e à profissão militar. Devemos estar preparados para possíveis baixas, embora o alto comando acredite ser pouco provável a ocorrência de confrontos armados com os haitianos, não só pela atitude conciliadora do soldado brasileiro, mas também por sua reconhecida simpatia e simplicidade. Só esperamos que os rebeldes pensem da mesma forma. A nossa esperança é que tudo corra bem para nossos militares, que permanecerão naquele país por pelo menos seis meses e que findo este período todos os nossos 1.200 compatriotas da "Brigada Haiti" voltem a pisar o sagrado solo do Brasil.





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