Ranking do Poder Militar na América do Sul - 2007 / 2008

O presente estudo foi elaborado utilizando-se uma metodologia exclusiva desenvolvida pelo Military Power Review, onde foram analisados fatores militares, econômicos e geopolíticos de cada país, atribuindo-se pontos e um peso para cada item de acordo com sua importância, que em sua totalidade refletiram a escala de poder das principais nações sul-americanas:...............................................................................


País
Exército
(pontos)

Marinha (pontos)

Força Aérea
(pontos)
Efetivos
/ Pop.
(pontos)
G.M. / PIB
(pontos)
EDN
(pontos)
P.E.
(pontos)
Total
de
pontos
Ranking
Brasil
252
161
275
10
30
25
47
800

Chile

198
105
112
40
40
35
26
556
Peru
188
105
137
30
30
15
26
531
Argentina
148
107
95
10
20
20
34
434
Colômbia
60
71
130
40
50
25
30
406
Venezuela
89
80
142
20
20
30
19
400
Equador
51
56
51
40
40
15
8
261
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Análise:

O continente sul-americano tem passado por sérias crises políticas e alguns abalos econômicos que arrefeceram as boas perspectivas de crescimento para os países da região. O movimento separatista do Departamento de Santa Cruz de la Sierra na Bolívia, a perseguição aos "brasiguaios" no Paraguai, o estremecimento das relações diplomáticas entre Equador e Colômbia devido ao ataque a um acampamento das FARC em território equatoriano, as ingerências de Hugo Chavez com sua "revolução bolivariana" e uma onda de nacionalizações prejudiciais aos nossos interesses, provocaram tensões pontuais ao longo do último período, a ponto de levar o governo brasileiro a aprovar o Decreto nº 6.592 que autoriza uma resposta militar a agressões estrangeiras a seus cidadãos ou empresas, mesmo que não haja invasão do território nacional. Assim, mais uma vez as necessidades orçamentárias das Forças Armadas sul-americanas ficaram em segundo plano, embora se reconheça a urgência de se modernizar o aparato militar na região. A Venezuela ainda mantém seus investimentos pesados em defesa, embora ainda não tenham se refletido no resultado do ranking deste ano. A Colômbia também renova seus equipamentos, sempre com a ajuda americana, obtendo boas vitórias sobre as FARC, que começam a dar sinais de enfraquecimento com a morte de seus principais líderes. No Chile, apesar de continuar com investimentos consistentes no setor, já existe uma corrente política que propõe uma revisão na Lei do Cobre, o que poderá diminuir a fonte de recursos nos próximos anos. No Brasil há uma grande expectativa quanto a apresentação do Plano Nacional de Defesa, que proporá mudanças profundas na organização das Forças Armadas e apontará as principais necessidades em termos de reequipamento. No presente estudo, foram feitas algumas alterações na metodologia, que aumentou o peso de alguns equipamentos, provocando uma elevação na pontuação final de cada país. O Brasil ainda lidera o ranking com alguma vantagem sobre os demais, por conta ainda do tamanho de seu aparato militar, que embora não seja nada assustador em relação ao Primeiro Mundo, ainda é considerável em relação aos países do continente. O Chile conseguiu um sensacional 2º lugar, desbancando o Peru que caiu para a 3ª posição, com a Argentina mantendo um decepcionante 4º lugar, para um país que já rivalizou com o Brasil no passado. Outra surpresa foi a Colômbia que obteve o 5º lugar, ultrapassando a Venezuela, que apesar dos pesados investimentos que vem fazendo, com aquisição de material militar predominantemente de origem russa, não se refletiu no ranking atual, devido ao longo período de maturação deste tipo de investimento. A crise financeira que abalou o mundo nos últimos meses poderá ter consequências imprevisíveis para a economia dos países, evidentemente provocando novos cortes nos orçamentos militares já tão prejudicados, mas talvez não seja capaz de impedir a evolução de alguns projetos em andamento, pela premência das diversas Forças Armadas em substituir material que atingiu um grau de obsolescência insustentável.



Situação atual e perpectivas:

Brasil: a Força Aérea reativou o Projeto FX e já anunciou os três finalistas: F-18E Super Hornet, Rafale C e Gripen NG, com a decisão final esperada para o início de 2009, completou sua dotação de F-5E/F adquirindo 11 unidades usadas da Jordânia, recebeu os 6 helicópteros UH-60L Black Hawk e colocou uma proposta de aquisição de mais 15 unidades. A grande novidade fica por conta da montagem no país dos helicópteros de transporte franceses EC-725 Super Cougar, com uma encomenda inicial de 51 aeronaves, sendo 17 para cada uma das três Armas, com a primeira unidade prevista para 2010. A modernização dos caças leves AMX / A-1 foi aprovada e a primeira aeronave já foi entregue a Embraer. Três dos aviões de patrulha marítima Lockheed P-3 Orion deverão ser entregues ao serviço ativo em 2009. Foram adquiridos casulos de navegação e ataque Litening III e de interferência eletrônica Skyshield, pequenos lotes de mísseis ar-ar Derby e Python IV, e a FAB finaliza a compra de 12 helicópteros de ataque Mil Mi-35M russos. O Exército Brasileiro acelera o processo de desenvolvimento da família de veículos blindados de transporte sobre rodas VBTP, inicia o processo de modernização dos M-113B e está concluíndo o processo de aquisição dos MBT Leopard 1A5. A obtenção de obuseiros Oto Melara de 105 mm e L-118 Light Gun e a chegada de alguns exemplares do morteiro de 120 mm, nacional, revitaliza um pouco a artilharia de campanha. Há estudos para a aquisição de mísseis anti-aéreos de médio alcance, que complementaria os mísseis de curto alcance Igla. Espera-se que a arma leve anti-carro (ALAC) e o míssil anti-carro MSS 1.2, ambos projetos nacionais coordenados pelo CTEx, sejam em breve produzidos em larga escala. A Marinha recebeu no serviço ativo a corveta V-34 "Barroso", adquiriu dois navios desembarque-doca (NDD) usados ex-Royal Navy, conclui a construção de 2 navios patrulha de 500 ton. e prepara licitação para mais 4 unidades da mesma classe. Foram adquiridas 4 unidades do helicóptero Sea Hawk SH-70, com opção para mais 2 unidades. Espera-se para o final de 2008 a assinatura de um acordo com a França para a construção de 6 fragatas da classe FREMM e 4 submarinos da classe Scorpene. O Brasil se associou à África do Sul para o desenvolvimento conjunto do míssil ar-ar A-Darter e do veículo aéreo não tripulado Bateleur.

Chile: já completou a dotação de 10 caças F-16C Block 50 novos de fábrica, bem como dos 18 caças F-16A MLU usados da Holanda, dos quais pretende adquirir mais um lote de 16 aeronaves, para substituir os F-5E III. Foi assinado um contrato com a Embraer para a aquisição de 12 aeronaves A-29 Super Tucano para treinamento. As fragatas usadas das classes L e M já estão operacionais na Marinha chilena e todas as três fragatas Type 23 ex-Royal Navy estarão disponíveis até o fim de 2008. Foi incorporado o primeiro navio patrulha (PZM) de 1.728 ton. e o segundo será entregue em 2009. O Exército conclui o processo de incorporação dos MBT Leopard 2A4 e dos veículos blindados belgas YPR 765 (baseado no M-113), estuda a adoção de um uniforme padrão, tipo pixelizado, e o aumento do número de efetivos profissionais.

Peru: contratou junto a empresas russas a modernização de seus caças Mig-29 e dos helicópteros Mil Mi-17. Foram incorporadas as duas últimas fragatas da classe Lupo usadas e conta agora com oito unidades ex-Marinha italiana, iniciada a remotorização das seis corvetas PR-72P e prossegue a fabricação de 12 barcos patrulha MGP-PC-2003. Há urgência na substituição dos MBT russos T-55, na padronização do armamento individual e na melhoria do combate anti-tanque, mas sem alocação de verbas até o momento.

Argentina: não foi feita nenhuma aquisição de grande monta para as três Armas, limitando-se os recursos para manutenção e operação do material existente. O governo reconhece que há inúmeras necessidades de reequipamento, mas por ora não está prevista a dotação orçamentária para tal finalidade. No médio prazo estuda-se a aquisição de algumas aeronaves de caça usadas, podendo ser o Mirage 2000 ou o F-16, helicópteros de transporte Mil Mi-17 e a encomenda de alguns navios de patrulha oceânica.

Colômbia: todos os 25 novos aviões de ataque leve A-29 Super Tucano, de fabricação brasileira, já estão incorporados ao serviço ativo. Está prevista a aquisição de mais 15 helicópteros UH-60L Black Hawk, sendo alguns convertidos para o padrão Arpia IV armados com metralhadoras pesadas Gatling GAU-19 e lança-foguetes M260. Deverão ser adquiridos cerca de 100 veículos blindados russos BTR-80 para o exército e para os fuzileiros navais. Foram comprados 15 canhões APUSBT de 155 mm de origem espanhola e mísseis anti-tanque israelenses Spike. Estuda-se a futura substituição da frota de caças e renovação da aviação de transporte.

Venezuela: completou sua dotação de 24 caças Sukhoi SU-30 e a entrega dos dez helicópteros de ataque Mil Mi-35, dos três helicópteros pesados Mil Mi-26 e dos 20 helicópteros utilitários Mil Mi-17 continua dentro do cronograma. Assinou com a Rússia um contrato de US$ 2 bilhões que inclui a compra de 4 submarinos do tipo 636, 10 aviões de transporte Ilyushin 76MD-90, 2 reabastecedores Ilyushin 78Mk e 10 helicópteros de ataque Mil Mi 28NE. Há um projeto para a instalação de um sistema de defesa anti-aérea com a integração das baterias de mísseis russos Tor-M19M330 aos radares tridimensionais chineses JLY-1.

Equador: não foram feitas aquisições significativas de equipamento, limitando-se a manter em boas condições e operar o material existente. Iniciou negociações com a Embraer para uma futura aquisição de 24 aeronaves A-29 Super Tucano, mas sem assinatura de contrato até o momento.

Inalterado o intercâmbio entre as diversas Forças Armadas do continente através de operações e exercícios aéreos conjuntos, como COLBRA (Colômbia/Brasil), VENBRA (Venezuela/Brasil), PRATA (Argentina/Brasil), PERBRA (Peru/Brasil) e CRUZEX, que ajudam a padronizar os procedimentos e estreitar os laços de amizade entre as Forças Aéreas.





Notas importantes:

>
Exército: pontuaram tanques pesados (MBT), blindados 6x6 e 8x8 artilhados, blindados de transporte de tropas, canhões autopropulsados e helicópteros.
> Marinha: pontuaram navios-aeródromos, submarinos, fragatas, corvetas, navios de patrulha, helicópteros e aviões de esclarecimento marítimo/patrulha/anti-submarinos.
> Força Aérea: pontuaram aviões AEW&C/SR, caças, aviões de ataque (a jato), aviões leves de treinamento/ataque, aeronaves de transporte/reabastecimento em vôo e helicópteros.
> Efetivos / Pop. = índice do total de efetivos das três Armas em relação à população do país. Quanto maior este índice maior a pontuação recebida (de 10 a 50 pontos).
> G.M./ PIB = índice dos gastos militares em relação ao Produto Interno Bruto(PIB). Quanto maior este índice maior a pontuação recebida (de 10 a 50 pontos).
> E.D.N. = Estratégia de Defesa Nacional: considerou-se planejamento de longo prazo, vontade política, interesse no fortalecimento das Forças Armadas, indústria bélica e Política de Defesa Nacional.
> P.E. = Projeção Estratégica: considerou-se a população total, área do país, efetivos militares, Produto Interno Bruto (PIB), capacidade de mobilização e atuação em missões de paz da ONU.
> A partir da edição 2008, alteramos a pontuação de alguns equipamentos para que refletissem melhor a sua importância, o que fez a pontuação final de cada país aumentar em relação aos resultados de 2004 e 2006.
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