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Mistral - França |
Os navios de assalto anfíbio classe Mistral, em um total de três unidades, foram construídos para a Marinha Francesa (Marine Nationale). Também conhecidos como porta-helicópteros e referido como "navios de projeção e comando" (francês: Bâtiments de Projection et de Commandement ou BPC), são capazes de transportar 16 helicópteros NH90 ou Tiger, quatro barcaças de desembarque, até 70 veículos, incluindo 13 tanques Leclerc e 450 soldados. Os navios estão equipados com um hospital de 69 leitos e são capazes de servir como parte de uma Força de Resposta da OTAN ou com forças de manutenção da paz das Nações Unidas. Foram assim batizados: L9013 Mistral, L9014 Tonerre e L9015 Dixmude. Seu desenvolvimento começou em 1997, quando a DCNS (atual Naval Group) iniciou um estudo para um navio de intervenção polivalente. O BIP deveria renovar e aumentar as capacidades anfíbias da Marinha, que na época consistia em dois navios doca de desembarque da classe Foudre e dois da classe Ouragan. Essa nova capacidade permitiria que a Marinha Francesa se integrasse ainda mais às estruturas doutrinárias descritas pela Allied Tactical Publication 8B (ATP8) da OTAN e pela Iniciativa Anfíbia Européia. A doutrina então em vigor fixava o objetivo de projetar uma força composta por quatro companhias de combate (1.400 homens, 280 veículos e 30 helicópteros) por dez dias, em um setor de 100 quilômetros de profundidade; esta força deveria ser capaz de intervir em qualquer lugar dentro de um raio 5.000 quilômetros da França ou em apoio aos territórios e aliados ultramarinos franceses. Além das operações conjuntas com as forças da OTAN e da UE, qualquer navio proposto tinha que ser capaz de operações conjuntas com as brigadas do Exército Francês. Vários projetos de navios comuns referidos como Nouveau Transport de Chalands de Débarquement (NTCD), vagamente baseados no abortado porta-helicópteros nuclear PH 75, foram revelados. O maior projeto, BIP-19, foi a futura base da classe Mistral. O BIP-19 incluia um convés de 190 metros de comprimento, com uma boca de 26,5 metros, um calado de 6,5 metros e um deslocamento de 19.000 toneladas, dimensões que excederam os requisitos do conceito NTCD. Na fase de projeto, o conceito apresentava um elevador de aeronaves a bombordo (como a classe Tarawa da US Navy), outro a estibordo, um no centro do convés de vôo e um à frente da superestrutura da ilha. Estes foram posteriormente reduzidos em número e realocados: um elevador principal ao centro e um auxiliar atrás da superestrutura da ilha. Desenhos conceituais e descrições mostraram várias características de porta-aviões, incluindo uma rampa de salto de esqui para aeronaves STOBAR (como os caças AV-8B Harrier II e F-35B Lightning II), quatro ou cinco pontos de pouso para helicópteros (incluindo um reforçado para acomodar helicópteros V-22 Osprey ou CH-53E Super Stallion) e um convés capaz de acomodar dois hovercrafts LCAC. Mas uma revisão concluiu que as aeronaves estavam fora do escopo, exigindo mudanças no projeto, tendo sido renomeado como Porte-hélicoptères d'intervention (PHI, "Porta-Helicópteros de Intervenção") em dezembro de 2001, antes de ser eventualmente designado como BPC para enfatizar os aspectos anfíbios do conceito. O L9013 Mistral foi lançado em outubro de 2004, enquanto o L9014 Tonnerre foi lançado em julho de 2005 e foram comissionados na Marinha Francesa em 15 de dezembro de 2006 e 1 de agosto de 2007, respectivamente. O Livro Branco Francês de 2008 sobre Defesa e Segurança Nacional previa que mais dois BPCs deveriam estar em serviço até 2020. Em 2009, um terceiro navio foi encomendado antes do esperado como parte da resposta do governo francês à recessão que começou em 2008, cuja construção começou no início de 2009 e este terceiro navio seria nomeado L9015 Dixmude. A possibilidade de um quarto navio da classe Mistral foi oficialmente abandonada no Livro Branco Francês de Defesa e Segurança Nacional de 2013.
O convés de voo de cada navio é de aproximadamente 6.400 m² com seis pontos de pouso para helicópteros e o hangar de 1.800 m² pode acomodar 16 aeronaves, incluindo uma área de manutenção com uma ponte rolante. Para auxiliar no lançamento e na recuperação dessas aeronaves, estão equipados com um radar DRBN-38A Decca Bridgemaster E250 e um sistema de pouso óptico. O convés de voo e o hangar são conectados por dois elevadores de aeronaves, cada um capaz de suportar 13 toneladas. O elevador principal de 225 m² localizado perto da popa do navio, na linha central, é grande o suficiente para que os helicópteros sejam movidos com seus rotores em configuração de voo. O elevador auxiliar de 120 m² está localizado atrás da superestrutura da ilha. Os navios podem operar com todos os modelos de helicópteros militares franceses. Em 8 de fevereiro de 2005, um Westland Lynx e um Cougar pousaram no convés do Mistral. O primeiro pouso de um NH90 ocorreu em 9 de março de 2006. Metade do grupo aéreo dos BPCs seria constituído por NH-90 e a outra metade por helicópteros de ataque Tiger. As capacidades de operar com a aviação naval do Mistral se aproximam das dos navios de assalto anfíbio da classe Wasp, por aproximadamente 40% do custo e dos requisitos de tripulação do navio americano. Os navios da classe Mistral podem acomodar até 450 soldados, embora este número possa ser consideravelmente aumentado em situações de emergência e por um de curto prazo. Na doca alagável de 885 m² pode acomodar quatro embarcações de desembarque ou dois hovercrafts LCAC, e embora a Marinha Francesa não opere com este tipo de embarcação, essa capacidade melhora a interoperabilidade com o Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos e a Marinha Real Britânica. Em vez disso, a DGA encomendou oito catamarãs EDA-R (Engin de Débarquement Amphibie Rapide) de 59 toneladas e design francês para operação na classe Mistral, com capacidade de carga útil de 65 a 80 toneladas e velocidade máxima de 11 nós (a plena carga). Para autodefesa aproximada, os navios da classe Mistral estavam armados com dois lançadores Simbad para mísseis Mistral, quatro metralhadoras M2-HB Browning de 12,7 mm e a partir de 2011 com a estação de armas NARWHAL20 (Remote Weapon System). Cada navio transporta uma instalação médica equivalente a um hospital de campanha completo com odontologia, equipamentos de diagnóstico, cirurgia especializada e capacidades médicas e psicológicas. Um sistema de telemedicina permite a realização de cirurgias altamente complexas. Com 900 m² oferece 20 quartos e 69 leitos de internação, dos quais 7 são adequados para terapia intensiva (UTI) Os dois blocos cirúrgicos vêm completos com uma sala de radiologia, fornecendo radiografia digital e ultrassonografia, contando ainda com 50 leitos desmontáveis que são mantidos em reserva e podem ser instalados no hangar de helicópteros para ampliar a capacidade do hospital em caso de emergência. A classe Mistral são os primeiros navios da Marinha Francesa a usar propulsores azimutais, que são alimentados por eletricidade de cinco alternadores a diesel Wärtsilä 16V32 de 16 cilindros e podem ser orientados em qualquer ângulo. Essa tecnologia de propulsão dá aos navios capacidades de manobra significativas, além de liberar espaço normalmente reservado para eixos de hélice. Os BPCs são certificados como membros do componente naval da NATO Response Force, o que lhes permite participar de Forças Tarefa Conjuntas (Joint Task Force). O L9013 Mistral fez sua viagem inaugural de 21 de março a 31 de maio de 2006, cruzando o Mediterrâneo e o Oceano Índico. Após o início da "Guerra do Líbano" de 2006, o Mistral foi um dos quatro navios franceses empregados em águas libanesas como parte da Operação Baliste, com a missão proteger e, se necessário, evacuar cidadãos franceses no Líbano e em Israel. O Mistral embarcou 650 militares, 85 veículos incluindo 5 AMX-10 RC e cerca de 20 VAB e VBL, além de seis helicópteros, tendo auxiliado na evacuação de 1.375 refugiados. Em 2010, o governo russo aprovou a aquisição de quatro navios da classe Mistral, com dois a serem construídos em estaleiros franceses e os outros dois construídos na Rússia. Porém, com a invasão da Crimeia em 2014, as sanções internacionais impediram que os navios já prontos fossem entregues à Marinha russa. Em 2015, após acertos diplomáticos e financeiros, os dois navios foram vendidos para o Egito, por 950 milhões de euros, incluindo o treinamento das tripulações egípcias, e foram então batizados como: L1010 Gamal Abdel Nasser e L1020 Anwar El Sdat.
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