Reinventando a guerra Durante
mais de 40 anos, governos testaram armas biológicas em cidadãos
desavisados. |
As armas químicas e biológicas são os mais terríveis instrumentos de destruição em massa. Com baixo custo e de fácil produção, são capazes de dizimar o inimigo, envenenar colheitas e deixar gerações doentes e deformadas entre os sobreviventes. No final de 1947, os serviços de inteligência dos EUA estavam prestes a conseguir estas armas, através de acordos secretos com o cientista Shirô Ishii, chefe da Unidade 731 (equipe responsável pela guerra biológica japonesa), capturado pelos Aliados no fim da Segunda Guerra. As atrocidades cometidas contra prisioneiros, por Ishii e seus colaboradores foram ocultadas pelos governos ocidentais, para poderem ter acesso a suas descobertas. Assim obtiveram exaustivos detalhes dos efeitos da guerra biológica nos seres humanos, além de um meticuloso estudo sobre sintomas do tifo, doenças venéreas, varíola, gangrena, difteria, tétano e inúmeras outras doenças atrozes. Quando
a Guerra Fria se iniciou, o Pentágono, temendo um ataque de submarinos
soviéticos que poderiam liberar nuvens de bactérias contra
suas grandes cidades, resolveu promover, em 1950, uma série de
testes com nuvens de Serratia marcescens, uma bactéria relativamente
benigna, sobre a cidade de São Francisco, Califórnia. Percebeu-se
que 300 km² de sua área tinham sido infectados e quase toda
a população havia inspirado a bactéria. A experiência
provava que as autoridades municipais eram totalmente incapazes de defender-se
de uma contaminação em massa dessa natureza. Por volta de
1960, o Exército americano tinha repetido os testes em Savannah,
Geórgia e Avon Park, Flórida, desta vez lançando
de avião, grandes quantidades de mosquitos infectados com o vírus
da febre amarela sobre zonas residenciais. Cidades da Grã-Bretanha
e do Canadá também foram alvos destes cruéis experimentos.
Em 1966, agentes da Chemical Corps Special Operations Division,
borrifaram através das grades de ventilação do metrô
de Nova York, a bactéria Bacillus, verificando-se que
as turbulências criadas pela passagem das composições
eram um meio perfeito para propagar o vírus por toda cidade, onde
foram infectadas quase um milhão de pessoas. Mesmo com tantos cuidados, estima-se que 70.000 veteranos sofram da Síndrome do Golfo, que pode ter sido causada tanto por armas biológicas iraquianas, quanto por administração indevida de pílulas ou vacinas preventivas ainda não devidamente testadas pelos ingleses e americanos. A negação da ocorrência destes fatos pode ser conseqüência da incapacidade dos militares para proteger eficientemente as suas tropas contra armas tão letais. Se o uso de tais artefatos em um contexto militar é alarmante, pensar que grupos terroristas possam ter acesso a elas e usá-las em populosos centros urbanos, inspira pavor. Em 1995, um atentado com gás Sarin no metrô de Tóquio, cometido por membros da seita Aum Shinryiko, provocou 12 mortes. Acredita-se que a seita teve acesso às indústrias químicas russas, via mercado negro, alimentado pela expansão do crime organizado na Rússia. O fato dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha terem decidido manter em segredo as atividades da Unidade 731 e continuarem patrocinando experiências com armas potencialmente tão destrutivas, mesmo depois das devastadoras explosões atômicas de Hiroshima e Nagasaki, desafia toda e qualquer lógica. |
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