Unidade 731 Experiências biológicas japonesas com cobaias humanas na II Guerra Mundial. |
Durante as obras de reurbanização de um bairro de Tóquio, em 1989, operários encontraram sob o asfalto um depósito de restos humanos. A notícia se espalhou rapidamente e o governo japonês viu-se obrigado a reconhecer o mais terrível segredo da Segunda Guerra Mundial: naquela área esteve localizado o laboratório do tenente-coronel Shirô Ishii, pai do programa de guerra biológica do Japão, a Unidade 731. O jovem Ishii era um brilhante microbiólogo do exército e com sua personalidade carismática logo conseguiu apoio para o desenvolvimento de suas armas. Quando o Japão invadiu a China, instalou-se um campo de prisioneiros próximo a Beiyinhe, onde começou suas terríveis experiências. Os prisioneiros eram bem alimentados e faziam exercícios físicos pois sua saúde era vital para a obtenção de bons resultados científicos. Os primeiros testes centraram-se nas doenças contagiosas, como o antraz e a peste. Os chineses eram infectados com bactérias da peste e doze dias depois contorciam-se com febres de 40 °C. Outros foram envenenados com gás fosfina ou cianureto de potássio. Alguns foram submetidos a descargas elétricas de 20.000 volts. Prisioneiros de guerra britânicos, australianos e americanos também eram usados nas experiências. Testes para comprovar a difusão de uma doença através da explosão de bombas de bactérias também foram realizados. Perto do fim da II Guerra, o cientista fez um pacto de silêncio com seus subordinados e todos os laboratórios e documentos foram destruídos e Ishii e seus homens regressaram para casa no anonimato. Mas os serviços de inteligência aliados sabiam de tais experimentos e com o término do conflito, ao invés de levá-los a julgamento por suas atrocidades, simplesmente ocultaram a verdade, oferecendo imunidade a todos os membros da Unidade 731 em troca de informações e colaboração com os cientistas de Fort Detrick, em Maryland, onde ficavam as instalações de guerra biológica dos Estados Unidos. Nos anos seguintes, muitos dos responsáveis pelas experiências japonesas tornaram-se proeminentes em seu país, como médicos e empresários, principalmente da indústria farmacêutica, sendo que um deles ocupou a presidência da Associação Médica Japonesa. Shirô Ishii morreu em 1959 sem demonstrar qualquer arrependimento por seus atos. A aceitação de seu trabalho pelos aliados significou que havia sido ignorado o termo da Convenção de Genebra que impedia a utilização de seres humanos como cobaias em experiências científicas. O que impediria agora os cidadãos americanos e britânicos de servirem de cobaias nas cínicas mãos de seus próprios governos? |
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