Operação Valquíria

Teria o general Rommel participado da conspiração para assassinar Adolf Hitler?



Rommel com o Afrika KorpsNo início de 1941, a Itália, prestes a ser dominada pelos ingleses no norte da África, pediu auxílio aos seus aliados alemães. O homem escolhido para a missão de salvamento foi o general Erwin Rommel (depois marechal-de-campo). Chegando à Líbia em fevereiro de 41, como comandante do Afrika Korps, Rommel estava à beira dos seus maiores êxitos militares. Devido à audácia dos seus ataques surpresas, foi apelidado de Raposa do Deserto pelo próprio inimigo, que o admirava, apesar de temê-lo. Expulsando os ingleses da Cirenaica, tomou-lhes a principal posição defensiva, Tobruk, e por ordem de Berlim, lançou um ataque através da fronteira com o Egito na primavera de 42. Mas seu avanço foi detido a 100 km de Alexandria. Em novembro, após o contra-ataque dos ingleses e o desembarque de tropas americanas no Marrocos e na Argélia, a situação dos alemães e italianos ficou desesperadora.

Quando Rommel tentou convencer Hitler a retirar seus homens da região, recebeu ordens de voltar à Alemanha e foi-lhe dada baixa por doença. Em maio de 1943 veio a capitulação: a campanha custara ao Eixo um milhão de mortos, 8.000 aviões e 2,4 milhões de toneladas em navios. Após breve período no hospital, Rommel foi indicado pelo Führer para comandar todas as forças alemãs reunidas para deter a invasão dos Aliados na Normandia. Apesar de seus esforços e capacidade como estrategista, as tropas anglo-americanas desembarcaram e a cada dia causavam grandes perdas ao inimigo. Por mais de três vezes, Rommel consciente da gravidade da situação e para evitar um fim trágico para seu país, tentou convencer Hitler a se render. Foi severamente repreendido por ele em todas as oportunidades.

Sala de reunião após  explosão da bomba

Uma conspiração, de codinome "Operação Valquíria", (passe o mouse sobre a imagem ao lado para mais detalhes) juntou grupos civis e militares decididos a liberar a Alemanha do ditador nazista, teve seu ponto alto no verão de 1944. Um dos conspiradores, Karl Strölin, amigo de Rommel desde a Primeira Guerra, fez o primeiro contato com o marechal. Embora reconhecendo o seu dever de ajudar a salvar o país, apenas prometeu continuar insistindo junto a Hitler para que ele reconhecesse a realidade. O segundo conspirador a abordá-lo foi o tenente-general Hans Speidel, que insinuou a possibilidade de "coagir" (leia-se assassinar) o Führer, se ele não acabasse com o conflito. De novo Rommel recusou a idéia, mas ofereceu-se para negociar com os Aliados um acordo de paz. Tarde demais. Quase por milagre, Hitler sobreviveu à explosão de uma bomba na reunião militar na "Toca do Lobo" (seu quartel-general, fortemente guardado, na floresta da Prússia Oriental) em 20 de julho de 44. O artefato fora levado pelo tenente-coronel Klaus von Stauffenberg, dentro de uma pasta com supostos documentos importantes para a reunião. Colocada a dois metros do ditador, embaixo da mesa, foi deslocada por um dos participantes para o outro lado da sala. Ao fazê-lo salvou a vida de Hitler, que teve apenas ferimentos leves, e perdeu a sua. Quatro pessoas morreram e diversas ficaram feridas. Stauffenberg foi preso e executado sumariamente.

No cerco que se formou sobre os suspeitos de conspiração, morreram mais de 5.000 pessoas e o nome de Rommel surgiu em declarações dos presos sobre o golpe. Hitler tinha consciência do prestígio popular do marechal e se fosse julgado e condenado em tribunal, haveria grande repercussão. Ordenou então que Rommel fosse autorizado a se suicidar ou enfrentaria a acusação de alta traição, enviando dois generais para lhe entregar o ultimato e o veneno que o mataria horas depois. Hitler montou um impressionante funeral, com todas as honras militares, para o marechal e mandou uma hipócrita mensagem de condolências à viúva. A cumplicidade de Rommel, ainda que de forma velada, na fracassada conspiração de assassinato foi mantida em segredo até o fim da guerra.

 



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