Operação Eagle Claw

O que saiu errado na operação para resgatar os reféns americanos no Irã?



Mapa da Operação Eagle ClawA crise das relações Estados Unidos-Irã começou em janeiro de 1979, quando o Xá Reza Pahlevi foi obrigado a fugir da agitação revolucionária de seu país. O aiatolá Khomeini regressou do exílio em triunfo para iniciar uma campanha antiocidental e antiamericana. Os Estados Unidos haviam apoiado o governo do xá, durante décadas, com ajuda financeira e militar, e quando Pahlevi caiu em desgraça e precisou de tratamento médico, os americanos autorizaram sua entrada no país. Este fato desencadeou uma onda de manisfestações raivosas em Teerã, culminando em 4 de novembro com a invasão, por jovens revolucionários, da embaixada americana onde tomaram 53 funcionários como reféns, por cuja libertação exigiam a extradição do xá e sua entrega ao Irã, para julgamento por crimes contra o povo.

O presidente Jimmy Carter se recusou a ceder às exigências, cortou relações diplomáticas com o Irã e iniciou um embargo comercial contra o país. Após meses sem resultados e vendo as eleições americanas se aproximando, Carter autorizou uma solução militar para o impasse: nome-código Operação Eagle Claw (Garra de Águia). O plano previa que uma equipe Delta iria de Omã para Desert One, um ponto no deserto 490 km a sudeste de Teerã, em aviões C-130 voando a baixa altitude para evitar os radares. Ao mesmo tempo oito helicópteros RH-53D da Marinha, partiriam do porta-aviões USS Nimitz a 80 km da costa e se juntariam ao grupo principal no deserto. Neste local, os seis C-130 ficariam estacionados, um grupo controlaria uma estrada próxima e os demais seguiriam nos RH-53D até a capital iraniana, onde guiados por agentes infiltrados, tomariam a embaixada, resgatando os reféns e levando-os para uma pista de pouso em Manzarieh, 56 km ao sul, de onde voariam para casa em aviões C-141.

Helicópteros RH-53D abandonados no desertoO que provocou o fracasso da operação? Em 24 de abril de 1980 teve início a ação. Os vôos dos aviões C-130 obedeceram fielmente ao cronograma e a equipe de controle da estrada desceu em segurança. Esta agiu de imediato, interceptando um ônibus e detendo os 45 ocupantes. Os oito RH-53D decolaram do Nimitz, a 80 km da costa iraniana, às 19:30h e dirigiram-se para o norte. Às 21:45h o n° 6 indicou falha mecânica e foi abandonado. Cerca de uma hora depois os aparelhos enfrentaram uma forte tempestade de areia, que obrigou dois deles a descer e decolar novamente. O nº 5 teve uma pane e sem instrumentos voltou ao Nimitz. O primeiro dos seis restantes atingiu Desert One com cinquenta minutos de atraso e os demais chegaram na meia hora seguinte. O comandante da operação já preocupado com o atraso, foi informado que o n° 2 não tinha condições de prosseguir, por falha elétrica.

Com apenas cinco aparelhos era impossível completar a missão e toda a operação foi cancelada, após rápida discussão com o centro de controle, no Egito. Nunca ficou claro se essa decisão foi tomada em Washington, Wadi Kena (Egito) ou lá mesmo em Desert One. Mas o pior estava por vir. Eram 2:40h quando o helicóptero n° 3 tentou decolar, não manteve sustentação, bateu num C-130 e ambos explodiram, com a morte de oito homens, mas salvando-se 64 membros do Delta que estavam no avião. Todos os helicópteros foram abandonados e toda a tropa envolvida voltou em três C-130. Para analistas, o fracasso de todos os seus esforços para libertar os reféns e o fim trágico da missão de salvamento, custou a Jimmy Carter a reeleição. Ironicamente, no dia em que o eleito Ronald Reagan prestou juramento como presidente, em 20 de janeiro de 1981, o Irã libertava o último dos reféns.

 



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