A revolução dos UCAV

Boeing Spiral X-45 O poder aéreo sempre foi um fator decisivo nos conflitos, a partir do momento que a invenção do brasileiro Alberto Santos-Dumont passou a ser utilizada como arma de guerra. Na Primeira Guerra Mundial, utilizou-se o avião para reconhecimento das posições inimigas, bombardeios de pequena amplitude ou combatendo outras aeronaves, nos primeiros "dog fights" que se tem notícia, propiciando o surgimento de verdadeiros ases como o famoso "Barão Vermelho". Na Segunda Grande Guerra, a situação evoluiu para os grandes bombardeios em massa, aviação embarcada e caças mais velozes e ágeis. A era do jato e dos mísseis trouxe definitivamente a modernidade à arma aérea. As guerras do Vietnã, dos Seis Dias e do Golfo I e II só ratificaram o fato de como a aviação pode alterar a balança a favor desse ou daquele contendor.

Quem detinha maior domínio dos céus, aniquilando as defesas aéreas e terrestres do inimigo, fatalmente ganhava a batalha. Mas por melhor que fosse a aeronave, sem um piloto bem treinado para utilizá-la ela não teria a mesma efetividade como arma, nem provocaria a mesma paixão pela aviação militar que muitos ao redor do mundo compartilham. Hoje um meio aéreo, criado para reconhecimento por controle remoto, o UAV (Unmanned Aerial Vehicle ou Veículo Aéreo Não Tripulado), toma boa parte das discussões sobre o futuro dos aviões de combate. Isto porque agora temos também o UCAV (Unmanned Combat Aerial Vehicle), versão armada daquelas pequenas aeronaves, usado em 2003 durante a "Operação Anaconda", no Afeganistão, quando um Predator RQ-1 equipado com um míssil AGM-114 Hellfire destruiu um veículo com dirigentes da Al-Qaeda e do Taliban, mostrando seu grande potencial como arma estratégica.

Northrop Pegasus X-47 Vários países, a exemplo dos Estados Unidos, vêm desenvolvendo UAVs / UCAVs, entre eles Israel, África do Sul, Suécia, Alemanha e França. Porém os americanos estão na vanguarda, já trabalhando em uma nova geração, com tecnologia stealth, capazes de operar a partir de bases em terra, porta-aviões ou submarinos, com uma carga bélica maior que inclui mísseis de cruzeiro, ar-superfície e anti-radiação, que teoricamente poderão atacar alvos importantes e bem protegidos, poupando vidas preciosas, sem precisar expor os pilotos. Projetos avançados estão se materializando como o Boeing X-45 Spiral e o Northrop Grumman X-47 Pegasus, que farão parte do Flying Future Combat System, atuando em conjunto com aeronaves tripuladas (F-22 Raptor ou F-35 JSF), interligados por datalink, executando missões de alto risco de forma rápida e segura.

Muitos acreditam que estes pequenos aviões deverão substituir totalmente os caças e bombardeiros tripulados nas guerras futuras, talvez dentro de uma ou duas décadas, tornando impotentes caças de quarta geração de US$ 100 milhões a unidade. Pode até ser que a previsão se concretize, mas se isto ocorrer a aviação perderá muito de seu charme. Serão robôs que farão todo o serviço, máquinas que mesmo dotadas de inteligência artificial, ficarão a mercê de quem as programou (homens que podem errar) e não haverá certeza que cumprirão a missão sem destruir o alvo errado ou matando inocentes. Desalentador será não vermos mais os F-16, SU-27, Gripens, Mirages, sem falar nos recentes Typhoons, Rafales, Raptors e JSF rasgarem os céus com suas poderosas turbinas a mil, a povoar nossa imaginação, fazendo-nos crer que em seu comando está um autêntico ás moderno bem treinado e com anos de experiência, capaz de tomar decisões próprias e em momentos críticos, no calor do combate, alterar o rumo da missão se necessário.





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