Projeto FX - Solução e perspectivas

Mirage 2000Após cinco anos de exaustivos estudos técnicos, avaliações operacionais, pressões de fabricantes e governos, o Projeto FX da FAB apresenta uma solução paliativa para a substituição dos veteranos Mirage III BR: em uma solenidade em Paris no dia 12 de julho de 2005 foi anunciada a aquisição de um lote de 12 aeronaves Mirage 2000C usadas, pertencentes à Força Aérea Francesa. Não era o que queríamos, nem o que a FAB merecia, mas foi o que pudemos adquirir com os parcos recursos atuais. Optou-se por uma solução, digamos, menos traumática em vários sentidos como baixo custo político e financeiro, semelhança logística, adaptação dos pilotos ao novo equipamento e prazo de entrega. O Mirage 2000C não é a versão mais moderna deste caça mas representará um grande salto em relação ao que operamos hoje. Comparando seu radar, aviônicos e armamentos com os do Mirage III BR, certamente haverá uma significante melhora na defesa aérea do país.

Embora não possa utilizar mísseis BVR nem possua datalink, o Mirage 2000C utiliza um radar RDI pulso doppler com alcance de 54 milhas náuticas com capacidade look-down e ar-solo, comandos fly-by-ware, sensores RWR, equipamentos de guerra eletrônica, sistemas de navegação avançados e um motor mais potente e eficiente. Tudo isto a um custo bem razoável, em torno de 5 milhões de euros por aeronave, aproximadamente 1/7 do preço de um Mirage 2000-5 Mk2 novo. Os armamentos seriam os mesmos utilizados pelos franceses entre eles os mísseis R 550 Magic 2 e o Super 530D, bombas a laser ou convencionais e algumas do arsenal da FAB, após processo de integração com os sistemas do Mirage 2000C. O grande problema é que as aeronaves serão entregues em três lotes de quatro unidades cada, nos anos de 2006, 2007 e 2008, mas a FAB está trabalhando para trazê-los o quanto antes.

Dassault RafaleSendo uma solução intermediária, é de se esperar que o Projeto FX venha a ser retomado no médio prazo, buscando adquirir por meio de licitação ou compra direta, vetores de superioridade aérea novos de fábrica, com outros requisitos operacionais e provavelmente bem mais avançados do que os modelos oferecidos agora. Entram em cenas novos protagonistas, até então não considerados devido ao seu elevado preço ou ainda em fase de desenvolvimento: Dassault Rafale, Eurofighter Typhoon e F-35 Joint Strike Fighter. Mas não devemos menosprezar as chances de caças como F-16C, Mirage 2000-5 Mk2, Su-35 Flanker ou Gripen por três motivos: 1) a pressão política de governos/fabricantes que sempre pesa, sejam por fatores econômicos ou estratétigos; 2) porque não sabemos se os países do Primeiro Mundo concordariam em ceder equipamentos militares de alta tecnologia para países em desenvolvimento; e 3) ainda que obsoletos para eles por volta de 2015-2020, estas aeronaves ainda seriam de grande valia para nossa Força Aérea, pelo menos no cenário militar sul-americano.

Mas considerando que no futuro a Política de Defesa Nacional seja levada a sério por nossos políticos e pela sociedade, alocando recursos orçamentários compatíveis com as necessidades das Forças Armadas de um país que pretende ser respeitado internacionalmente, o Rafale teria boas chances de ser nosso vetor principal, aproveitando-se a parceria da Dassault com a Embraer, o bom momento do relacionamento Brasil-França e a diminuição do custo unitário com o aumento das encomendas. A idéia da FAB é substituir ao longo do tempo não só os Mirage, mas também os F-5BR e os AMX A-1, por uma única aeronave multi-função, reduzindo despesas operacionais e de logística. Portanto os valores envolvidos serão significativos, fazendo com que os fabricantes travem uma "guerra" comercial intensa para ganhar o contrato. Mas as variáveis também serão muitas, com pesos diferentes, o que obrigará a Força Aérea Brasileira a ter o mesmo profissionalismo demonstrado até aqui na hora de definir o que deseja para o seu futuro.





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