Special Services Group (SSG) - Paquistão

O Special Services Group (SSG) é a unidade de operações especiais do Exército paquistanês, com funções similares ao SAS britânico, composta de uma Divisão cujo quartel-general está localizado na cidade de Tarbela. O SSG surgiu em 1956 quando decidiu-se pela conversão do 19º Baluch Regiment em uma tropa de operações especiais e como resultado disto, o SSG guarda muitas das tradições e insígnias do regimento que lhe deu origem. Inicialmente seu treinamento e suas táticas eram baseadas nos padrões das forças especiais americanas, com as quais mantiveram estreita cooperação nos tempos da Guerra Fria. Mais tarde, adotou-se o treinamento, as táticas, armas e equipamentos sob orientação e procedência chinesa. Hoje o SSG está organizado em sete batalhões, cada um com 700 homens, comandados por oficiais com patentes de tenente-coronel e mais duas companhias independentes de comandos, assim designados: 1º Batalhão Yaldrum, 2º Batalhão Rahbar, 3º Batalhão Powindahs, 4º Batalhão Yalghar, 5ª Batalhão Zilzaal, 6º Batalhão Al Samsaam, 7º Batalhão Babrum, Cia Musa (especializada em operações anfíbias) e Cia Zarrar (especializada em operações de contra-terrorismo). Os oficiais do Special Services Group devem ter pelo menos dois anos de experiência militar prévia e voluntária em outras unidades para prestar serviço por dois anos com o SSG; sargentos e praças, também voluntários, prestam serviço permanente. Todos os treinandos devem participar de um curso de nove meses em Cherat.

O curso SSG enfatiza o condicionamento físico, incluindo uma marcha de 57 km em 9 horas e uma corrida de 8 km em menos de 40 minutos, carregando o equipamento completo. A seguir, os estagiários devem passar pelo treinamento de paraquedista para obter seu brevê de asas de comando da Escola Paraquedista do SSG. O curso dura quatro semanas, com o brevê sendo concedido depois de cinco saltos de dia e três saltos noturnos. Após a conclusão do curso básico, os membros recém-empossados passam pelo Curso Avançado de Comandos com duração de 25 semanas. Somente ao concluir estas duas exaustivas fases de seu treinamento os operadores são considerados membros efetivos do SSG. Seu treinamento ainda inclui as técnicas de combate corpo a corpo e um rigoroso treinamento da aptidão física, motivo pelo qual apenas 5% dos voluntários se incorporam à unidade ao final deste período. Uma vez superada esta etapa, alguns são selecionados para treinamento adicional para a formação de especialistas. O curso de saltos HALO (High Altitude and Low Opening) são ministrados em Peshawar, onde recebem a insígnia de "Skydiver" após efetuarem 25 saltos livres operacionais. O brevê de "Mountain Warfare" (combate em regiões montanhosas) é dado após a conclusão de um curso na Mountain Warfare School, na cidade de Abbottabad. A qualificação como "Combat Diver" (mergulhador de combate) ocorre em Karachi, na base do Naval Special Services Group (SSGN), a congênere do SSG da Marinha paquistanesa. Nesta etapa são reconhecidas três classes de mergulhadores: os de 1ª classe que completam um mergulho de 29 km, os de 2ª classe que fazem o percurso de 24 km e os de 3ª classe para a distância submersa de 16 km.

Além destes, o SSG forma especialistas em diversas áreas, tais como: Segurança Interna; Assalto e Táticas de Pequenas Unidades; Tiro de Precisão (snipers); Demolição; Combate em Áreas Urbanas ou em locais fechados; Patrulha de Reconhecimento a longas distâncias; Sabotagem; Infiltração e Exfiltração em território hostil; entre outras. Os comandos do SSG se distinguem por sua boina marrom com a insígnia específica da unidade (um punhal prata entre dois raios, em fundo preto). Para manter a proficiência da unidade, o SSG conduz exercícios regulares com tropas congêneres de outros países, como Estados Unidos, Turquia, Jordânia e China, com amplo intercâmbio de informações e experiências. Membros do SSG rodiziam entre as bases de Cherat, Attock, Tarbela ou são acionados em situações de cunho estratégico, como a patrulha da região de fronteira com a Índia ou quando forças paquistanesas participam de operações de paz da ONU. São também acionados para prover segurança de pontos vitais como as instalações nucleares do país. É sabido que membros do SSG estão baseados na Arábia Saudita para fornecer proteção pessoal aos membros da família real saudita. Alguns oficiais do SSG são rotineiramente designados para integrar a Diretoria de Inteligência das Forças Armadas, para executarem missões clandestinas ou de reconhecimento, as vezes se infiltrando em instituições governamentais ou mesmo privadas em nome da segurança interna, prevenindo ações terroristas. Os detalhes destas operações são altamente classificadas.

O uniforme de combate é similar ao padrão de camuflagem "woodland" das tropas americanas, sendo que uniformes na cor preta também são utilizados pelas equipes de combate ao contra-terrorismo. Suas tropas estão equipadas com uma ampla gama de armas e equipamentos modernos, tais como: fuzis de assalto Steyr AUG, Colt M-4 Commando, M-16 e AK-47; submetralhadoras HK MP-5 em diferente versões; metralhadoras leves Rheinmetall MG-3, FN Minimi e FN MAG; fuzis sniper ou anti-material Barrett M-82, Steyr SSG 69, HK PSG1 e Dragunov SVD; pistolas automáticas HK ou Glock, em diversas versões. Desde sua criação, o Special Services Group tem participado das mais importantes situações de conflito em que o governo paquistanês deve que agir de forma mais incisiva. Seus comandos estiveram envolvidos em missões nas guerras Indo-Paquistanesas de 1965 e 1971, na invasão do Afeganistão pelos soviéticos na década de 80 assessorando secretamente os guerrilheiros mujahideens, no leste do Yemen em 2010 em apoio à tropas da Arábia Saudita no combate aos rebeldes Houthi, recentemente em várias situações de escaramuças na fronteira com a Índia, além de emergências de segurança interna em ações de combate ao terrorismo contra instituições paquistanesas ou no esforço global contra a Al-Qaeda. Neste sentido, em 6 de dezembro de 2014, uma equipe do SSG rastreou e matou o principal chefe de operações da Al-Qaeda, Adnan Gulshair e mais cinco terroristas ao sul da região do Waziristão, sendo este o mais alto membro na hierarquia da organização a ser morto após a de Osama Bin Laden em 2011, durante a operação americana "Neptune Spear".





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